domingo, 31 de janeiro de 2010

ABDIAS DO NASCIMENTO!!!

"Sempre que penso em Abdias do Nascimento o sentimento que me toma é de gratidão aos nossos deuses por sua longa vida e extraordinária história fonte de inspiração de todas as nossas lutas e emblema de nossa força e dignidade.

A história política e a reflexão de Abdias do Nascimento se inserem no patrimônio político-cultural pan-africanista, repleto de contribuições para a compreensão e superação dos fatores que vêm historicamente subjugando os povos africanos e sua diáspora. Abdias do Nascimento é a grande expressão brasileira dessa tradição, que inclui líderes e pensadores da estatura de Marcus Garvey, Aimé Cesaire, Franz Fannon, Cheikh Anta Diop, Léopold Sedar Senghor, Patrice Lumumba, Kwame Nkruman, Amílcar Cabral, Agostinho Neto, Steve Biko, Angela Davis, Martin Luther King, Malcom X, entre muitos outros.
A atualidade e a justeza das análises e das posições defendidas por Abdias do Nascimento ao longo de sua vida se manifestam contemporaneamente entre outros exemplo, nos resultados da III Conferência Mundial Contra o Racismo, a Discriminação Racial, a Xenofobia e Formas Correlatas de Intolerância, ocorrida em setembro de 2001, em Durban, África do Sul, que parecem inspiradas em seu livro O Genocídio do Negro Brasileiro (1978) e em suas incontáveis proposições parlamentares.

Aprendemos com ele tudo de essencial que há por saber sobre a questão racial no Brasil: a identificar o genocídio do negro, as manhas dos poderes para impedir a escuta de vozes insurgentes; a nos ver como pertencentes a uma comunidade de destino, produtores e herdeiros de um patrimônio cultural construído nos embates da diáspora negra com a supremacia branca em toda parte. Qualquer tema que esteja na agenda nacional sobre a problemática racial no presente já esteve em sua agenda política há décadas atrás, nada lhe escapou. Mas sobretudo o que devemos a ele é a conquista de um pensar negro: uma perspectiva política afrocentrada para o desvelamento e enfrentamento dos desafios para a efetivação de uma cidadania afrodescendente no Brasil, o seu mais generoso legado à nossa luta."

Sueli Carneiro in Abdias do Nascimento: o Griot e as Muralhas - Biografia de Abdias do Nascimento organizada por Éle Semog


Conheça também biografia de Abdias do Nascimento

TERREMOTO HAITI: Médicos cubanos no Haiti continuam salvando vidas!!!

Por volta de 500 colaboradores da Ilha oferecem sua ajuda nos lugares de mais difícil acesso desse país • Na cidade de Gonaïves, danada fortemente pela tempestade Jeanne, trabalha uma brigada de 64 integrantes


OS 64 membros da Brigada Médica cubana que presta seus serviços na cidade haitiana de Gonaïves, prejudicada severamente pela tempestade tropical Jeanne, «gozam de muito boa saúde e, aliás, dobraram o ritmo de sua valiosa ajuda», informou, em 30 de setembro, o chefe em funções do Departamento de Cooperação Internacional do Ministério das Relações Exteriores (Minrex), Enrique Orta González.

cuba-haiti













Brigada médica cubana: atendimento
a mais de 12 mil haitianos
desde 25 de setembro passado



Cidade portuária do Haiti, situada o noroeste do país, nesta temporada de furacões e tempestades severas, Gonaïves sofreu intensas enchentes, que mataram mais de 2 mil pessoas e deixaram milhares de desaparecidos.

A diretora executiva da Unicef, Carol Bellamy, disse em 30 de setembro, em Porto Príncipe, que «pelo menos 8 mil pessoas estão vivendo em refúgios temporários em Gonaïves. Não têm nada. Perderam tudo com as enchentes. E anunciou que a Unicef pedira em Nova York «maior atenção e apoio para esta emergência», já que a população de risco em Gonaïves inclui 30 mil crianças menores de cinco anos e 8 mil mulheres grávidas ou em período de lactação.



«Inclusive, antes da crise atual, as crianças do Haiti eram das mais vulneráveis do mundo», sublinhou, por seu lado, o representante dessa organização no Haiti, Francoise Gruloos Ackermans.



Em imagens difundidas pela tevê pode-se enxergar desordens e brigas criadas pela pobreza e os sofrimentos dos habitantes desse país, desesperados por beneficiarem da ajuda internacional, agravada pelas adversidades do clima. Apesar de tudo, o funcionário do Minrex garantiu que «nem um só colaborador sofreu uma arranhadura».



«Nossos médicos, devido ao prestígio e carinho ganhos por seu trabalho humanitário e solidário, estão protegidos pela própria população e mantêm as reservas requeridas de remédios e alimentos para seu desempenho eficaz.



«Seus familiares», destaca Orta, «podem ficar satisfeitos e tranqüilos e souberem que, apesar de eles estarem em condições de trabalho difíceis, pelas áreas onde oferecem seu atendimento - as mais afastadas e desabrigadas - são atendidos de forma sistemática e recebem o apoio necessário do ministério da Saúde desse país, da Cruz Vermelha e dos mais altos dirigentes de nossa nação.



Quando começaram as enchentes, foi criado um posto de comando (Coordenadora Nacional, em Porto Príncipe), para manter comunicação constante com os colaboradores de Gonaïves, a cidade mais afetada pelas chuvas torrenciais, com o objetivo de garantir, em primeiro lugar, a proteção de suas vidas. «Porém, não houve que fazer nenhuma evacuação apesar de que, segundo informação recebida, a água chegou a atingir quase 1,5 metro de altura».



Imediatamente, os colaboradores acometeram a tarefa de prestar a máxima ajuda à população nos trabalhos de saneamento e de divulgação (promoção de saúde), pela rádio e outros meios, acerca das medidas a serem adotadas para prevenir epidemias, bem como atender diretamente a população. Ainda, começaram o resgate dos instrumentos e aparelhos das áreas que eles atendem, incluindo os do hospital La Providence, de Gonaïves, grande número dos quais «ficaram sepultados na lama».



Engenheiros em eletromecânica, que fazem parte das brigadas médicas cubanas são os responsáveis pela reparação e recuperação desses equipamentos.

Neste momento, em Gonaïves, a brigada dividiu-se em vários grupos que atendem diferentes pontos da cidade, oferecendo atendimento médico num hospital de campanha, em três clínicas móveis, num local de uma ONG e em duas igrejas que albergam inúmeros evacuados. O hospital de campanha dispõe de um salão de partos, funcionando em sua capacidade plena, no qual trabalham especialistas em obstetrícia, cirurgia e ortopedia.



Desde 25 de setembro até à data, tinham sido atendidos mais de 12 mil haitianos, principalmente com febre e tosse, afecções da pele e traumatismos.

No Haiti, integram o Programa Integral de Colaboração (PIS) mais de 500 trabalhadores da saúde que prestam sua ajuda nos lugares mais inacessíveis desse país.



A colaboração médica de Cuba com outros países começou na década de 60 do século passado, com o envio à Argélia de uma brigada de médicos. Mas em 28 de setembro de 1998, após a passagem pelo Caribe do furacão Georges, o presidente Fidel Castro expôs a idéia de um programa integral de saúde para o Haiti.



Posteriormente, veio o oferecimento de enviar gratuitamente milhares de médicos cubanos à América Central, vítima também do pior desastre natural acontecido nessa região nos últimos dois séculos: o furacão Mitch.



Neste momento, com o programa PIS, 2 600 médicos trabalham com as populações mais necessitadas de 24 países e realizam trabalhos de formação de recursos humanos para garantir o desenvolvimento sustentável da saúde em nações pobres.



Nos países africanos existem três faculdades de Medicina com professores cubanos: Guiné Equatorial, Gâmbia e Eritréia, esta última a mais recentemente criada, com uma matrícula total de 400 alunos nos diversos anos da carreira.



Ao mesmo tempo, estudam em Cuba 17 700 bolsistas de 15 nações, em mais de 30 especialidades.



O Departamento de Cooperação do Minrex pôs em destaque o alto sentido altruísta de nossos trabalhadores da saúde. Após se conhecer o estado de emergência surgido no Haiti, os médicos que estavam de férias em Cuba suspenderam seu descanso e por próprio pedido se reincorporaram a seu trabalho nesse país caribenho.

Fonte: Granma.cu

segunda-feira, 25 de janeiro de 2010

FERROESTE E EXERCITO PLANEJAM A FERROSUL!!!

Ferroeste e Exército discutem
a criação da Ferrosul


¨A posição do Governo do Paraná e da Ferroeste é que a criação da Ferrosul fortalece o projeto de construção dos novos trechos para os demais Estados do Sul. O Exército está indissociavelmente ligado ao projeto desde a sua origem e queremos que continue cumprindo a sua missão¨, afirmou o presidente da Ferroeste, Samuel Gomes, nesta sexta-feira, 22, em Brasília, onde esteve reunido com o chefe do Departamento de Engenharia e Construção (DEC) do Exército, general Ítalo Forte Avena. Na ocasião, Gomes entregou a Resolução do Codesul, o parecer técnico do Grupo de Trabalho criado pelos governadores e outros documentos relativos à criação da Ferrosul.
No encontro foi discutida a celebração de um protocolo a ser firmado entre o Governo do Paraná e o Ministério da Defesa para que o Exército participe dos estudos de engenharia e da construção dos novos ramais. O Exército deverá coordenar a construção de todos os 1.365 km de novas ferrovias e construir diretamente alguns trechos. O início previsto das obras é 2011 e deve ser concluído em dois anos.
O plano de trabalho elaborado pelo Exército e Ferroeste prevê que a construção será feita em módulos de 50 km. Gomes reiterou que os estudos de engenharia são para trilhos em bitola mista (métrica e larga) e incorporando também o transporte de passageiros. O acordo entre Ferroeste e Exército, autorizado pelo governador Roberto Requião, deve ser assinado em fevereiro.
No encontro de Brasília, o Exército definiu um representante junto à Ferroeste para acompanhar a transferência de R$ 30 milhões do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) destinados pelo Ministério dos Transportes aos projetos da Ferroeste. Os recursos serão transferidos através da Valec, sócia da Ferroeste e responsável pela expansão das ferrovias federais. O dinheiro será utilizado na atualização de projetos de engenharia dos novos ramais que compõem o trecho Maracaju (MS)/Porto de Paranaguá.
¨O Exército e a Ferroeste estão trabalhando em sintonia há mais de um ano¨, ressaltou Gomes. Em agosto de 2009, em um helicóptero militar, a Ferroeste, o Ibama, o Exército e a Mineropar, depois de 20 horas de vôo e 2.500 quilômetros percorridos, concluíram o trabalho de vistoria ambiental aérea, necessário para o licenciamento ambiental dos projetos, pelo Ibama/DF. Na vistoria, técnicos militares também fizeram a prospecção de engenharia dos novos ramais. A recente parceria entre Ferroeste e Exército começou no I Seminário Técnico de Planejamento da Expansão da Ferroeste, em 18 de dezembro de 2008, em Curitiba. Depois disso aconteceram vários encontros.
O trecho de 248 quilômetros de linhas da Ferroeste entre Guarapuava e Cascavel foi construído pelo Exército entre 1991/94 durante o primeiro mandato do governador Roberto Requião. ¨Não fosse o Exército se somar ao Paraná, a ferrovia não teria sido construída¨, disse Gomes. Para o general Avena, a expansão da ferrovia é encarada atualmente ¨como a obra principal do Exército¨. Segundo o presidente da Ferroeste, ¨a importância da renovação da parceria com o Exército está na garantia de qualidade da ferrovia a ser construída, nos custos reduzidos de construção, na valorização do Exército e do seu papel na sociedade¨.
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domingo, 24 de janeiro de 2010

TEATRO POLÍTICO EM CURITIBA!!! CPC DA UNE!!!

Publicado em Espetáculos, Índice por teatropolitico60 em 07/01/2010

Cena do espetáculo “A mais valia vai acabar, seu Edgar!”.

A partir dos textos redigidos por Vianinha nas décadas de 1960 e 1970, reunidos por Fernando Peixoto em 1983, é possível compreender o posicionamento e a insatisfação do dramaturgo frente à realidade do Teatro de Arena e, consequentemente, sua busca por uma nova forma de fazer teatro. Os atores do Arena já haviam encenado, no início da década de 1960, as peças: “Eles não usam Black Tie” , de Guarnieri, ” Revolução na América do Sul” , de Augusto Boal, e ” Chapetuba Futebol Clube”, de Vianinha. Para Vianinha, o Arena só poderia continuar trilhando o caminho a que se havia proposto desde o início se continuasse pensando e aprofundando discussões e estudos sobre a realidade social, sobre o homem brasileiro e seus problemas, e para tanto seria de extrema importância utilizar Marx como referencial:

“Nós fazemos um teatro determinista que se basta em seguir os processos e causas de um fato inevitável. Nada mais. Por que Marx? Por que estudar Marx e não Bergson? Estudar Bergson, também não nos basta. Vamos estudar o filósofo que funda sua filosofia nas relações de produção do homem e em cima da alienação. Vamos a Marx, não para esquematizar nossas ações, mas ao contrário: para liberá-las. Estou certo que nem esses motivos são suficientes. Só detesto que se deixe de estudar Marx por qualquer tipo de prevenção. Se me convencerem da importância de Bergson, vamos a ele. Mas, se para nós, tudo isso que está acontecendo reside principalmente na mais-valia, adeus Bergson. Vamos ao dono da bola e não ao roupeiro.”
Oduvaldo Viana Filho

A intenção de aprofundar a discussão sobre a realidade brasileira a partir do vocabulário marxista e o desejo de se relacionar com outras entidades políticas e culturais, imprimindo o engajamento do teatro em torno de projetos que propiciassem a politização da sociedade brasileira, levaram Vianinha deixar o Arena e escrever a peça sobre a mais-valia, um dos conceitos de referência da teoria marxista. Entretanto, faltava-lhe o aprofundamento teórico, o que o fez se aproximar do Iseb ( Instituto Social de Estudos Brasileiros), encontrando lá o sociólogo Carlos Estevam Martins, que o auxiliou elaborando um roteiro didático sobre o conceito e demais teses marxistas.

“A peça “A mais valia vai acabar, Seu Edgar”, é um musical que, por meio de humor, desenvolve a condição de explorador do capitalista e a situação de espoliado do operário, no âmbito moral, emocional, material, sexual, etc. No desenrolar do espetáculo, os operários passam a conhecer sua situação por meio da teoria da mais valia, que possibilitará a tomada de consciência e a organização da classe, permitindo no futuro, sua emancipação. As personagens são categorias sociais (os desgraçados e os capitalistas), que vivenciam, no palco, por intermédio de esquetes, situações nas quais a opressão se manifesta didaticamente. Vianinha, para tanto lançou mão de vários recursos técnicos (projeção de slides e cartazes para comentar ou ilustrar as situações apresentadas no palco) que foram desenvolvidos no teatro de agitação de Erwin Piscator, na Alemanha dos anos 20 e que hoje fazem parte da história da encenação ocidental.”
Rosângela Patriota

O êxito da peça no Rio, encenada num pequeno teatro da Faculdade de Arquitetura, atraiu muita gente identificada com o grupo que a encenou. Finda a temporada, para manter agregado o pessoal que havia se aproximado em função da peça, os promotores do espetáculo resolveram montar um curso de História da Filosofia, ministrado pelo jovem professor José Américo Pessanha. Como a platéia dos espetáculos era basicamente estudantil, procuraram a UNE para sediar o curso e a idéia foi bem recebida pela entidade, representada pelo seu presidente, o estudante Aldo Arantes. (BERLINCK, 1984, p. 24)

Sobre a idéia inicial do CPC, Carlos Estevam Martins relatou, em depoimento na década de 1990, que:

“A idéia de se criar o CPC junto com a UNE demorou uns seis meses após a apresentação da Mais Valia. Ela nasceu da reflexão sobre a heterogeneidade artística e cultural das pessoas que freqüentavam as apresentações da peça e depois passaram a fazer o curso de Filosofia. Foi feita a seguinte constatação: aqui tem gente de Teatro, Artes Plásticas, Cinema, de Música… Então, nós temos que manter essas pessoas unidas e criar condições para esse pessoal produzir. Colocou-se, de imediato, o problema de se ter um local para produzir. E alguém, que não me lembro quem foi, teve a idéia de dizer: Vamos procurar a UNE! Nós procuramos a UNE para montar o tal curso de filosofia e nesse contato a idéia foi crescendo. Já que há uma situação de heterogeneidade, vamos fazer um negócio multidisciplinar com as várias artes possíveis e, ao mesmo tempo, vamos expandir e levar até o povo. Então, combinavam-se as duas coisas: o objetivo inicial do Vianinha e Chico de Assis, que era ir buscar platéias populares e a possibilidade de se fazer uma arte popular, ou seja, chegar até o povo através da arte.”
Carlos Estevam Martins

Assim se formou o CPC, inicialmente como um projeto político-cultural que contou com a participação de várias pessoas, com destaque para Leon Hirszman, Carlos Lyra, Francisco de Assis, Vianinha e Carlos Estevam Martins.

“Havia música, e por isso convidei Carlos Lyra, um do iniciadores do movimento da bossa-nova, para compor as canções que o Vianinha tinha criado para a pela. Entendi que a Arena da Arquitetura, grande como era, devia ter um cenário monumental, e assim um grupo de estudantes de arquitetura passou a criar um cenário de 15 metros de altura com vários planos. Num deles iria ficar o conjunto musical, e nos outros se desenvolviam cenas. Também no plano do chão a peça se desenvolvia. Depois pensamos em usar cinema, e Leon Hirszman veio trabalhar com a gente. Depois do cinema inventamos slides e fomos inventando uma parafernália de meios que redundou numa revista musical. (…) Os ensaios eram abertos. ao público e pouco a pouco foi se formando uma platéia constante que comentava e discutia cada caminho que íamos tomando. Aprendemos a cantar e dançar e fomos chegando a um espetáculo definitivo. Depois de três meses de ensaio estreou a Mais Valia com o Teatro de Arena da Faculdade de Arquitetura lotado e largando gente pelo ladrão. Foi um susto, porque só tínhamos usado os meios mais precários de divulgação. Ao final da estréia houve muita empolgação e todos os sintomas mostravam que havíamos conseguido sucesso. Eu tinha afastado o Vianinha dos ensaios e ele viu a encenação pela primeira vez na estréia, com a platéia lotada. Como diretor estreante e inseguro eu achava que a presença do Vianinha nos ensaios poderia perturbar o meu trabalho. Mas levei aos ensaios meus colegas do Arena: Flávio Migliaccio, Milton Gonçalves, Henrique César, Arnaldo Weiss, Nelson Xavier. Discutimos com eles e aproveitamos idéias.”
(do dramaturgo e diretor da peça Chico de Assis em depoimento para o site de Carlos Lyra)

Link para letras das músicas produzidas por Carlos Lyra para o espetáculo

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“pátria o muerte!” – teatro do povo
Publicado em Espetáculos, Índice por teatropolitico60 em 16/08/2009


“Pátria o Muerte!”, espetáculo encendado pelo CPC/PR, em Curitiba em 1960. Ao centro, Euclides Coelho de Souza.

Em 1959, Euclides Coelho de Souza, mais conhecido hoje como Dada (do Teatro de Bonecos), na época aluno de Engenharia da Universidade Federal do Paraná, filiado ao PCB, era dirigente da juventude comunista em Curitiba e uma das tarefas a que se propôs foi a criação de um grupo de teatro com atores e estudantes. Com a contribuição da atriz e estudante de Medicina, Mariza de Oliveira e da advogada militante do partido, Terezinha Garcia, foi fundado o Teatro do Povo. Além dos fundadores, integraram-se às atividades do recém criado Teatro do Povo, Walmor Marcelino, Abaúna Bussmeyer, Oracy Gemba, Jiomar Turim, Mathias Werner, Jodat Nicholar Kury e Marly Correia de Oliveira. A primeira peça montada, ao final de 1960, foi “Patria o Muerte!”, de Oduvaldo Vianna Filho, que falava a respeito da Revolução Cubana.

A partir de uma notícia do jornal “O Semanário”, sobre a apresentação da peça de Vianinha (Oduvaldo Viana Filho) na frente do Teatro Municipal do Rio de Janeiro, Terezinha Garcia levou ao partido a idéia de divulgar no meio estudantil as ameaças de invasões dos Estados Unidos à Cuba, bem como discutir os princípios da Revolução Cubana, pouco divulgados pela imprensa curitibana. Segundo Euclides em depoimento nos anos 80, “o desejo inicial era levar teatro para o povo, e então levamos num caminhão a peça em vários bairros populares, mas nada sabíamos naquela época de teatro, nem mesmo de teatro popular. Desta primeira peça, divulgamos os acontecimentos cubanos e formamos um núcleo artístico e cultural do Partido.” (LEON, 1985)

Ao analisar a peça “Pátria o Muerte!”, encenada em Curitiba pelos integrantes do Teatro do Povo, o crítico teatral Edésio Passos, em 1960, traz de forma sintetizada de que maneira e com que objetivo o espírito revolucionário fora inserido no texto:

“Patria o Muerte quer mostrar, embora rapidamente, o sentido universal da Revolução Cubana. As contradições daquele país americano, de sua situação política e econômica, são mostradas de maneira a atingir especialmente aos que não se encontram entrosados no movimento libertador daquele povo. Oduvaldo não entra, no entanto na discussão de problemas profundos que atingem a citada revolução, mas quer fazer sentir a necessidade de outra pátria. Os contrapontos de sua rápida peça, a anteposição das vozes em coro, representando o povo e das banalidades e superficialidades de Batista e seus comandados são suficientes para, em meia hora, apresentarem a situação de como se desenvolveu a revolução.”
Edesio Passos, 1960

O jornal “Última Hora”, noticiou, no início de 1961, as atividades do Teatro do Povo, explicitando sua composição e objetivos:

“O Teatro do Povo, compõe-se exclusivamente de amadores e utiliza um caminhão fazendo as vezes de palco volante, o caminhão de modelo antigo pertence a um nacionalista que, nos dias de semana o utiliza para fazer fretes. O grupo é integrado por estudantes e professores, jornalistas e atores amadores. Foi fundado há um mês apenas e se propõe a levar peças de conteúdo social, educando e divertindo o público ao mesmo tempo. A peça Patria o muerte, é uma síntese da revolução cubana e satiriza o regime do ditador Batista e a política americana dos trustes. Os atores usam placas identificando-se e o povo como personagem faz o coro como fundo do diálogo. Cuba não será invadida – grita o coro no final, acrescentando que se Cuba for invadida será a Cuba de todos os cubanos de todo o mundo, defendida por todos os cubanos de todo o mundo.”

Link para download da dissertação de mestrado “Centro Popular de Cultura da UNE (1959-1964) – Encontros e desencontros entre arte, política e educação” de Ana Carolina Caldas, que inspira este projeto – arquivo word.

sexta-feira, 22 de janeiro de 2010

POR QUÊ O HAITÍ É TÃO POBRE HOJE EM DIA???

Porque o Haiti é tão pobre



O evangélico norte-americano Pat Robertson afirmou em seu programa de televisão nos Estados Unidos que o Haiti está sofrendo as tragédias atuais porque no passado teria firmado um pacto com o demônio para que o país conseguisse vencer os franceses na luta pela independência.

Pat Robertson é herdeiro do preconceito de uma sociedade sulista norte-americana que linchava e enforcava negros e descaradamente iam para as igrejas batistas, presbiterianas, anglicanas, pentecostais e outras, aos sábados e domingos, para louvar e cantar ao Deus Cristão.

Igrejas como a de Pat Robertson são racistas, criminalizam as religiões africanas, disseminam ódio entre as pessoas, são lobos vestidos de cordeiros.



Um país rico no passado

Quem assiste hoje as tragédias que assolam o Haiti deve considerar que o país já foi um dos mais prósperos das Américas. Em 1804 o país conquistou sua independência da França, sendo a segunda república independente das Américas. A terra era rica, produzia cacau, tabaco, café, algodão, índigo e frutas para os franceses. Dizem que 50% do PIB da França na época era retirado do Haiti, país chamado por todos de “Jóia das Antilhas”.

Ao conquistar sua independência, o país passou a sofrer boicote dos países ditos “civilizados”, como acontece hoje com Cuba e Coréia do Norte. Os países poderosos se uniram para destruir a economia do Haiti, e a França exigiu nos tribunais internacionais que o país pagasse uma indenização de 150 milhões de francos.

O Haiti deixou de exportar seus produtos e pagou uma dívida inexistente ao longo de 80 anos, enriquecendo a França e empobrecendo os nativos. Somente em 1922 a dívida inflada foi considerada paga.

Aproveitando do enfraquecimento do país, os Estados Unidos da América ocuparam o Haiti militarmente em 1915, passando a roubar (comprar por preços baixos) as riquezas naturais até 1938. As tropas yanquees saíram do Haiti mas impuseram presidentes haitianos traidores como Duvalier pai e filho (Papa e Baby Doc) que se encarregavam de entregar as riquezas do país aos norte-americanos em troca da manutenção no poder.

O Haiti foi saqueado ao longo dos séculos pela França e pelos Estados Unidos da América. O golpe final foi a monocultura, a cana-de-açúcar (a exemplo da soja no Brasil), que destruiu a produtividade da terra e transformou o país no mais pobre do continente.



Kadafi mostrou a verdade

O presidente – e fundador - da União Africana, o líder Muamar Kadafi, foi o único a mostrar a verdade na questão da dívida histórica dos países poderosos com as nações exploradas e saqueadas nos períodos de colonização.

Kadafi tem uma proposta fundamental para resgatar a verdade e o equilíbrio nas relações entre os povos: os países que ficaram ricos saqueando as riquezas naturais dos povos colonizados devem indenizá-los. E ele vai mais fundo: “os países pobres da África não são pobres, ficaram pobres porque suas riquezas foram roubadas”.

A Líbia negociou e a Itália está indenizando o país por ter roubado e saqueado suas riquezas no passado. O mesmo deveria ser feito com todos os demais países, incluindo o Haiti.

A França e os Estados Unidos da América devem indenizar o Haiti pelas riquezas que saquearam, empobrecendo o povo haitiano às custas do enriquecimento dos franceses e norte-americanos.


José Gil

MDD - Curitiba - Brasil


Artigo publicado no site: www.amarchaverde.blogspot.com

O PMDB DO PARANÁLANÇA SÍTIO PARA 2010!!!

PMDB lança site inovador
para pré-temporada eleitoral de 2010

O PMDB Metropolitano da Grande Curitiba e Litoral lança neste sábado, 23, o portal www.pmdbparanaense.com. O novo portal de conteúdo noticioso, debates e propostas peemedebistas - segundo Doático Santos, presidente do diretório de Curitiba - vai ampliar a inserção do partido nas eleições de outubro. “Mais de 50% dos paranaenses já fazem uso da internet e a tendência e crescer ainda mais. E a nossa proposta é a de fazer um portal, focado em notícias e debates, e mostrar aos paranaenses, a importância das eleições de outubro”, disse Doático.

Os idealizadores, web-masters e editores do site estarão reunidos, a partir das 11h no Durva’s Bar (Avenida Vicente Machado, 786). Segundo Doático Santos, ao lado da televisão, a internet será de suma importância nas eleições de 3 e 31 de outubro. Pesquisa nacional do DataSenado ouviu 1.088 eleitores em 27 capitais. O levantamento mostrou que a internet já é o segundo meio de comunicação mais usado pelo cidadão para informar-se sobre política, atrás apenas da TV.

Impacto - Dois em cada três (59%) entrevistados consideram que a rede mundial terá grande impacto no pleito, sendo que entre os cidadãos que usam regularmente sites de notícias e participam de redes sociais (Orkut e Twitter, por exemplo), esse percentual sobe para 64%.

O levantamento buscou, ainda, avaliar a importância relativa dos meios de comunicação no esforço do cidadão para informar-se sobre questões políticas. A TV foi, de longe, o veículo mais usado (67%). Mas a internet apareceu em segundo lugar, com 19% das respostas válidas. O segmento “jornais e revistas” surgiu em terceiro, com 11%. A mídia rádio é preferida por apenas 4% dos entrevistados.

Redes sociais - Quase metade dos eleitores ouvidos (46%) acredita que a principal vantagem da internet nas eleições será a troca de informações e ideias entre os eleitores. A possibilidade de facilitar a comunicação entre candidatos e eleitores aparece em segundo lugar, com 28%. O mesmo percentual dos que responderam “divulgar as propostas dos candidatos”.

Os entrevistados que disseram usar a internet diariamente somaram 58% dos respondentes; 78% acessam sites de notícias e 53% participam de alguma rede social, como Orkut ou Twitter.

Agilidade - De acordo com o Data Senado, algumas características peculiares dessa nova mídia explicam sua crescente importância no campo da informação política. Uma é o fato de ela oferecer informação em tempo real, com vantagem adicional em relação ao rádio e à TV graças à possibilidade de recuperação de notícias e opiniões.

Outra característica importante seria a “diluição e a multiplicação dos papéis dos formadores de opinião, com a massificação da comunicação interativa entre desconhecidos, sobretudo jovens”, promovidas pelas redes de relacionamento.

Serviço
Lançamento do www.pmdbparanaense.com
Data: 23 de janeiro (sábado)
Horário: 11h
Local: Durva’s Bar
Endereço: Avenida Vicente Machado, 786

DILMA APRESENTA DIRETRIZES DE GOVERNO!!!

diretrizes
Dilma defende redução de gastos de custeio

22/01/2010 | 22:07 | agência estado


Provável candidata do PT à Presidência da República, a ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, deu nesta sexta-feira (22) algumas das diretrizes sobre o que seria seu plano de governo: disse que nunca foi contra parcerias entre governo e empresas, afirmou ser favorável à redução do gasto público e reiterou que os avanços do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva devem continuar.

"Muita gente está discutindo hoje o pós-Lula, como se fosse começar tudo outra vez no dia seguinte, depois do dia 31 de dezembro de 2010. Não é verdade. Nós entendemos no governo, o que é óbvio, que continuar quer dizer avançar. Mas há que entender o pós-Lula como a continuidade desse processo que levou o País a uma situação exemplar", afirmou à noite, durante a inauguração da nova sede do Sindicato dos Trabalhadores em Processamento de Dados e Tecnologia da Informação do Estado de São Paulo (Sindpd), na capital paulista.

"Nós agora podemos ter orgulho de ter iniciado talvez o processo mais revolucionário depois de (Getúlio) Vargas, Juscelino (Kubitschek) e de tantos outros presidentes - que cada um deu sua contribuição, sem sombra de dúvidas. Mas nós iniciamos um outro processo, de resgatar o País da imensa dívida social que ele tem, porque éramos um país muito desigual", disse ela, citando como exemplo a diminuição da pobreza e o aumento da classe média. "Isso é o fator que nos diferencia e é isso que temos de continuar.

A ministra aproveitou para se posicionar em relação a questões que são sempre tema de debates eleitorais entre candidatos à Presidência da República. "Nós no Brasil temos uma discussão que sistematicamente aparece. É a discussão da eficiência do Estado. E muitos dizem o seguinte: tem de reduzir custeio e tem de aumentar a parcela do investimento. Nós concordamos com isso", afirmou.

Para a ministra, "a forma mais consistente de reduzir custeio é assegurar a digitalização e a transparência dos serviços públicos". "Nós podemos reduzir de forma bastante significativa o custeio do governo brasileiro, de forma que tenhamos mais recursos para investir no que temos investido: todos os programas sociais e no crescimento econômico com distribuição de renda.

Uma das ideias apresentadas por Dilma é a digitalização do sistema de saúde. "Imaginem um sistema de saúde em que nós tivéssemos um cartão único e uma rede única centralizada em todo o Brasil. Nós saberíamos quantas vezes uma pessoa fez tomografia se está fazendo tomografia demais ou não, saberíamos, enfim, quanto se está cobrando por um serviço. Com isso estaríamos beneficiando diretamente a população e melhorando o serviço de saúde", exemplificou. "Isso se dá em qualquer área. Eu dei esse exemplo e poderia ter dado milhões de exemplos.

Ao falar sobre o programa que pretende dar à população acesso à banda larga de internet, a ministra ressaltou que o projeto será desenvolvido em parceria com empresas privadas. "Obviamente iremos fazer as parcerias necessárias. Nunca fomos contrários a parcerias. Mas teremos o direito de saber a que preço é possível cobrar na casa de cada um de nós.

A ministra fez um discurso em defesa do setor de Tecnologia da Informação (TI) e da importância de um país desenvolver essa área para assegurar um futuro melhor para seu povo. "Há uma relação entre TI e a democracia, necessariamente. Se nós a usarmos bem, conseguiremos fazer com que diferentes vozes, interesses, categorias e segmentos sociais desse País tenham expressão. Ela favorece a modernização do Estado e torna o Estado mais ágil", afirmou.

quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

O RACISMO DA CIVILIZAÇÃO OCIDENTAL CONTRA O HAITI!!!

Internacional| 19/01/2010 | Copyleft

Os pecados do Haiti

A história do assédio contra o Haiti, que nos nossos dias tem dimensões de tragédia, é também uma história do racismo na civilização ocidental. Em 1803 os negros do Haiti deram uma tremenda sova nas tropas de Napoleão Bonaparte e a Europa jamais perdoou esta humilhação infligida à raça branca. O Haiti foi o primeiro país livre das Américas. Os Estados Unidos invadiram o Haiti em 1915 e governaram o país até 1934. Retiraram-se quando conseguiram os seus dois objetivos: cobrar as dívidas do City Bank e abolir o artigo constitucional que proibia vender plantações aos estrangeiros. O artigo é de Eduardo Galeano.

Eduardo Galeano

A democracia haitiana nasceu há um instante. No seu breve tempo de vida, esta criatura faminta e doentia não recebeu senão bofetadas. Era uma recém-nascida, nos dias de festa de 1991, quando foi assassinada pela quartelada do general Raoul Cedras. Três anos mais tarde, ressuscitou. Depois de haver posto e retirado tantos ditadores militares, os Estados Unidos retiraram e puseram o presidente Jean-Bertrand Aristide, que havia sido o primeiro governante eleito por voto popular em toda a história do Haiti e que tivera a louca idéia de querer um país menos injusto.

O voto e o veto
Para apagar as pegadas da participação estadunidense na ditadura sangrenta do general Cedras, os fuzileiros navais levaram 160 mil páginas dos arquivos secretos. Aristide regressou acorrentado. Deram-lhe permissão para recuperar o governo, mas proibiram-lhe o poder. O seu sucessor, René Préval, obteve quase 90 por cento dos votos, mas mais poder do que Préval tem qualquer chefete de quarta categoria do Fundo Monetário ou do Banco Mundial, ainda que o povo haitiano não o tenha eleito com um voto sequer.

Mais do que o voto, pode o veto. Veto às reformas: cada vez que Préval, ou algum dos seus ministros, pede créditos internacionais para dar pão aos famintos, letras aos analfabetos ou terra aos camponeses, não recebe resposta, ou respondem ordenando-lhe:

– Recite a lição. E como o governo haitiano não acaba de aprender que é preciso desmantelar os poucos serviços públicos que restam, últimos pobres amparos para um dos povos mais desamparados do mundo, os professores dão o exame por perdido.

O álibi demográfico
Em fins do ano passado, quatro deputados alemães visitaram o Haiti. Mal chegaram, a miséria do povo feriu-lhes os olhos. Então o embaixador da Alemanha explicou-lhe, em Port-au-Prince, qual é o problema:

– Este é um país superpovoado, disse ele. A mulher haitiana sempre quer e o homem haitiano sempre pode.

E riu. Os deputados calaram-se. Nessa noite, um deles, Winfried Wolf, consultou os números. E comprovou que o Haiti é, com El Salvador, o país mais superpovoado das Américas, mas está tão superpovoado quanto a Alemanha: tem quase a mesma quantidade de habitantes por quilômetro quadrado.

Durante os seus dias no Haiti, o deputado Wolf não só foi golpeado pela miséria como também foi deslumbrado pela capacidade de beleza dos pintores populares. E chegou à conclusão de que o Haiti está superpovoado... de artistas.

Na realidade, o álibi demográfico é mais ou menos recente. Até há alguns anos, as potências ocidentais falavam mais claro.

A tradição racista
Os Estados Unidos invadiram o Haiti em 1915 e governaram o país até 1934. Retiraram-se quando conseguiram os seus dois objetivos: cobrar as dívidas do City Bank e abolir o artigo constitucional que proibia vender plantações aos estrangeiros. Então Robert Lansing, secretário de Estado, justificou a longa e feroz ocupação militar explicando que a raça negra é incapaz de governar-se a si própria, que tem "uma tendência inerente à vida selvagem e uma incapacidade física de civilização". Um dos responsáveis da invasão, William Philips, havia incubado tempos antes a ideia sagaz: "Este é um povo inferior, incapaz de conservar a civilização que haviam deixado os franceses".

O Haiti fora a pérola da coroa, a colónia mais rica da França: uma grande plantação de açúcar, com mão-de-obra escrava. No Espírito das Leis, Montesquieu havia explicado sem papas na língua: "O açúcar seria demasiado caro se os escravos não trabalhassem na sua produção. Os referidos escravos são negros desde os pés até à cabeça e têm o nariz tão achatado que é quase impossível deles ter pena. Torna-se impensável que Deus, que é um ser muito sábio, tenha posto uma alma, e sobretudo uma alma boa, num corpo inteiramente negro".

Em contrapartida, Deus havia posto um açoite na mão do capataz. Os escravos não se distinguiam pela sua vontade de trabalhar. Os negros eram escravos por natureza e vagos também por natureza, e a natureza, cúmplice da ordem social, era obra de Deus: o escravo devia servir o amo e o amo devia castigar o escravo, que não mostrava o menor entusiasmo na hora de cumprir com o desígnio divino. Karl von Linneo, contemporâneo de Montesquieu, havia retratado o negro com precisão científica: "Vagabundo, preguiçoso, negligente, indolente e de costumes dissolutos". Mais generosamente, outro contemporâneo, David Hume, havia comprovado que o negro "pode desenvolver certas habilidades humanas, tal como o papagaio que fala algumas palavras".

A humilhação imperdoável
Em 1803 os negros do Haiti deram uma tremenda sova nas tropas de Napoleão Bonaparte e a Europa jamais perdoou esta humilhação infligida à raça branca. O Haiti foi o primeiro país livre das Américas. Os Estados Unidos tinham conquistado antes a sua independência, mas meio milhão de escravos trabalhavam nas plantações de algodão e de tabaco. Jefferson, que era dono de escravos, dizia que todos os homens são iguais, mas também dizia que os negros foram, são e serão inferiores.

A bandeira dos homens livres levantou-se sobre as ruínas. A terra haitiana fora devastada pela monocultura do açúcar e arrasada pelas calamidades da guerra contra a França, e um terço da população havia caído no combate. Então começou o bloqueio. A nação recém nascida foi condenada à solidão. Ninguém comprava do Haiti, ninguém vendia, ninguém reconhecia a nova nação.

O delito da dignidade
Nem sequer Simón Bolívar, que tão valente soube ser, teve a coragem de firmar o reconhecimento diplomático do país negro. Bolívar conseguiu reiniciar a sua luta pela independência americana, quando a Espanha já o havia derrotado, graças ao apoio do Haiti. O governo haitiano havia-lhe entregue sete naves e muitas armas e soldados, com a única condição de que Bolívar libertasse os escravos, uma idéia que não havia ocorrido ao Libertador. Bolívar cumpriu com este compromisso, mas depois da sua vitória, quando já governava a Grande Colômbia, deu as costas ao país que o havia salvo. E quando convocou as nações americanas à reunião do Panamá, não convidou o Haiti mas convidou a Inglaterra.

Os Estados Unidos reconheceram o Haiti apenas sessenta anos depois do fim da guerra de independência, enquanto Etienne Serres, um gênio francês da anatomia, descobria em Paris que os negros são primitivos porque têm pouca distância entre o umbigo e o pênis. A essa altura, o Haiti já estava em mãos de ditaduras militares carniceiras, que destinavam os famélicos recursos do país ao pagamento da dívida francesa. A Europa havia imposto ao Haiti a obrigação de pagar à França uma indemnização gigantesca, a modo de perda por haver cometido o delito da dignidade.

A história do assédio contra o Haiti, que nos nossos dias tem dimensões de tragédia, é também uma história do racismo na civilização ocidental.

domingo, 17 de janeiro de 2010

O ATEÍSMO COMO MILITÂNCIA SOCIAL!!!

O ateísmo como militância social
Janeiro 9, 2010
por Mário Maestri*

Dentro do respeito às crenças individuais dos homens e das mulheres de bem, a militância ateísta é dever social inarredável, para todos os que se mobilizam pela redenção da humanidade da alienação social, material e espiritual que a submerge crescentemente neste início de milênio, ameaçando a sua própria existência. Por mais subjetiva, introspectiva e sublimada que se apresente, a crença religiosa, jamais nasce, se realiza e se esgota no indivíduo. Ela é fenômeno parido no mundo social, que influencia essencialmente a ação individual e coletiva.

Em forma mais ou menos radical, mais ou menos plena, mais ou menos consciente, a crença religiosa dissocia-se da objetividade material e social. Ela desqualifica o doloroso esforço histórico que permitiu ao ser humano superar sua origem animal e, percebendo a si e à natureza, começar a conhecer as leis imanentes ao mundo, na difícil, necessária e inconclusa luta pela harmonização da existência social.

A crença religiosa nega as crescentes conquistas da racionalidade, da objetividade, da materialidade, da historicidade, encobrindo-as com as espessas sombras da irracionalidade, da subjetividade, do espiritualismo. Desequilibra a difícil luta do ser humano para erguer-se sobre as pernas e moldar o mundo com as mãos, forçando-o a ajoelhar-se novamente, apequenado, temeroso, embasbacado diante do “desconhecido”, sob o peso de alienação socialmente alimentada.

A crença religiosa droga o ser social com suas ilusões infantis de redenção conquistada através da obediência incondicional a estranho super-pai que, em muitas das mais importantes tradições espiritualistas, apesar de onisciente, onipotente e onipresente, e, assim, capaz de tudo dar aos filhos, lançou-os – no singular e no plural – em desnecessária desassistência, miséria e tristeza.

É porque é!

A essência anti-científica da religião, que não argumenta, pois se nutre da crença incondicional no arbitrário, materializa-se na oposição visceral, mais ou menos realizada, ao maior tesouro humano, a capacidade de diálogo e de compreensão tendencial do universo. Que o digam Galileu e Giordano Bruno! Daí sua histórica intolerância, desconfiança e ojeriza para com o pensamento científico. E, verdadeiro tiro no pé, seu constante e paradoxal esforço para afirmar que a ciência seja uma crença a mais.

O pensamento religioso nega e aborta o ativismo e o otimismo racionalistas e materialistas, nascidos da possibilidade de compreensão, domínio e transformação do mundo social e material. Impõe visão pessimista, quietista, introspectiva e infantil do universo, essencialmente petrificado e eternizado pela materialização de transcendência, à qual o homem deve apenas submeter-se e render-se, para merecer a liberação.

Para tais visões, o ativismo e otimismo social são incongruências, ao não haver imperfeição social superável, já que esta última nasce da própria natureza humana, habitada pelo mal e pelo pecado, devido ao desrespeito a interdições primordiais do pai eterno – olha aí ele de novo –, origem do pecado. Pecado que exige incessante expiação e penitência, lançando o ser religioso em triste e mórbido mundo de culpa, de submissão, de punição.

Ativismo e otimismo sociais impensáveis para uma forma de compreender a sociedade em que não há história. Ou o que compreendemos como história se mostra ininteligível, pois regida essencialmente por determinações transcendentais paridas e concluídas à margem das práticas humanas. Realidade à qual, segundo tal visão, podemos ascender, muito limitadamente, apenas através da revelação.

Quando deus mata o homem

Na sua petrificação a-social e a-histórica, um mundo chato, triste, deprimente, infantil, mórbido. Um universo que valoriza a paciência, a submissão, o imobilismo, o quietismo, a humildade, a transcendência, a espiritualidade, etc., valores e comportamentos historicamente explorados pelos opressores, no esforço de manter o mundo imóvel, através de alienação e submissão dos oprimidos, nesta vida, é claro, pois na outra, se sentarão à direita de deus-pai.

O ateísmo militante é necessário ao retrocesso da alienação, enormemente crescente em tempos de vitória da contra-revolução neoliberal. Ele impõe-se na luta por um mundo mais rico, mais pleno, mais livre, mais fraterno, em que o homem seja o amigo, não o lobo do homem. É imprescindível ao esforço de superação da miséria, da tristeza e da dor, materiais e espirituais, nos limites férreos da natureza humana historicamente determinada.

O ateísmo militante é democrático, pois tem como essencial meio de pregação a conscientização, individual e coletiva, da necessidade de assentar as práticas sociais nos valores da humanidade, da racionalidade, da liberdade, da solidariedade, da igualdade. Pregação racionalista e materialista que compreende que a superação da alienação espiritual será materializada plenamente apenas através da superação da alienação social e material.

O que exige intransigente luta política, cultural e ideológica pela defesa dos maltratados valores do laicismo, única base possível para convivência social mínima por sobre crenças religiosas, étnicas, ideológicas, etc. singulares. Laicismo agredido pela despudorada exploração mercantil, política e social, direta ou indireta, por parte das religiões novas e antigas, da crescente anomia popular contemporânea. O monopólio público da educação e da grande mídia televisiva e radiofônica, sob controle democrático, e a ilegalização do escorcho religioso popular direto são pontos programáticos dessa mobilização.

O Céu e o Inferno

O ateísmo militante é pregação de adultos, conscientes do limite e dos perigos de empreitada subversiva, dessacralizadora e mobilizadora, pois voltada para a necessidade do homem de retomar as rédeas de sua vida material e espiritual, no aqui e no agora. É jornada sem esperanças de premiações e de graças, na outra vida e sobretudo nessa, ao contrário do habitual nas religiões oferecidas como vias expressas para o sucesso individual, no rentável balcão da exploração da alienação.

O racionalismo militante é caminho difícil que premia os que nele perseveram com a experiência, mesmo fugidia, com o que há de melhor nos seres humanos, a racionalidade, a solidariedade, a fraternidade. Sentimentos e práticas vividos em forma direta, sem tabelas, pois a única ponte que liga os homens são as lançadas entre os próprios homens, construídos pela história à imagem e semelhança dos homens.

A vida racional é aventura recompensada sobretudo pelo inebriante desvelamento do encoberto pela ignorância e irracionalidade e pelo equilíbrio obtido na procura da harmonia social, por mais difícil e limitada que seja. Trata-se de caminho que permite, sem sonhar nem crer, seguir decifrando, alegre e desvairadamente, esse mundo crescentemente encantado e terrível. Viagem por esta vida terrena, valiosa, breve e única, sempre apoiada na lembrança de que, diante das penas e tristezas, não se há de se rir ou chorar, mas sobretudo entender, para poder transformar.

Uma experiência de vida que, mesmo bordejando não raro o inferno, ou sendo elevado fugidamente aos reinos dos céus, sabe-se que tudo se passa e se conclui nesse mundo, concreto, terrivelmente triste e belo, sobre o qual somos plena, total, sem desculpas e irremediavelmente responsáveis.


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* Mário Maestri, 61, é rio-grandense, historiador, ex-refugiado político, ateu, marxista, comunista sem partido, casado [há 32 anos], pai de dois filhos, com um neto. Viveu no Chile, México, Bélgica, Itália e Brasil. Trabalha no PPGH da UPF. Entre outros livros, escreveu, com a lingüista Florence Carboni: A linguagem escravizada [2ed. São Paulo: Expressão Popular, 2006.] E-mail: maestri@via-rs.net .

sábado, 16 de janeiro de 2010

2010 - ANO JOAQUIM NABUCO!!!

Um acervo à espera de reavaliação

Escritor, jornalista e diplomata brasileiro ainda é pouco publicado e estudado e aguarda a edição completa de sua obra

Daniel Piza


Numa carta de 31 de maio de 1883, Joaquim Nabuco (1849- 1910) escreveu que tinha prometido fazer da vida um protesto contra a escravidão, "nada querendo dela, esperando como os escravos o meu dia". O dia da Abolição veio, quase cinco anos depois, e daqui a quatro dias o que vem é o Ano Joaquim Nabuco, uma série de eventos e lançamentos para celebrar o escritor, jornalista, advogado, diplomata e líder mais hábil e vistoso da campanha abolicionista. Cem anos depois de sua morte, ele ainda é um personagem pouco publicado e pouco estudado em contraste com sua importância - ou com a de outros recentes homenageados, Machado de Assis (2008) e Euclides da Cunha (2009), dois amigos e companheiros da Academia Brasileira de Letras.

Nabuco ainda está à espera do dia em que toda sua obra estará integralmente disponível nas livrarias. A carta citada, por exemplo, permanece inédita em livro (leia nas págs. 6 e 7) e foi encontrada pelo Estado ao lado de muitas outras nos arquivos da Fundação Joaquim Nabuco (Funaj), no Recife, responsável pela programação do ano. É endereçada ao Dr. Ubaldino Amaral, que havia criticado o fato de Nabuco não viver no Brasil àquela altura, depois de ter deflagrado - na companhia de André Rebouças, José do Patrocínio e outros - o movimento pela Abolição em 1880, com a fundação da Sociedade Abolicionista Brasileira. Nabuco explica a Amaral que estava no exterior "trabalhando para viver" e propagando suas ideias, elaborando inclusive os textos do livro que vai intitular Abolicionismo. Também reafirma a importância de manter sua independência política e financeira, em nome da causa maior.

Outra carta inédita que a Funaj digitaliza no momento, de 15 de fevereiro de 1888, ano em que a Lei Áurea é finalmente assinada pela princesa Isabel, confirma o papel de Nabuco na articulação internacional do movimento: ali ele conta ao senador francês Victor Schoelcher que havia estado pessoalmente com o Papa Leão XIII e que contava com a opinião pública francesa para pressionar o Brasil a decretar o fim da escravidão. Como sempre em Nabuco, as cartas são muito interessantes porque investidas de sua determinação histórica e de sua prosa estilosa. "A nação quer se purgar de sua vergonha e de seu crime", escreve ao parlamentar francês. E associa a Abolição brasileira de 1888 à Revolução Francesa de 1789: para Nabuco, o fim da escravidão não era apenas a extinção de uma segregação racial, mas também a oportunidade de dar aos brasileiros os princípios de cidadania.

Pouco depois, porém, seus medos recrudescem. Em outra carta inédita, de 2 de janeiro de 1889, Nabuco, que se diz um "liberal monárquico", critica os republicanos por seu ódio racial, pois "falam abertamente em matar negros como se matam cães" e parecem querer uma guerra civil no Brasil pós-abolição. Nabuco, em realidade, esperava que a princesa Isabel levasse o Brasil para o Terceiro Reinado, sucedendo a D. Pedro II, e não admitia que os brasileiros pudessem querer a república em lugar da monarquia. De fato, os primeiros anos da República pareceriam confirmar parte de seus receios, pelo autoritarismo militar; ao mesmo tempo, não trouxeram esse velho temor dos conservadores brasileiros, a guerra civil e o esfacelamento do país em distintas nações, como havia ocorrido nos vizinhos que adotaram o regime.

O quarto documento obtido nos arquivos pernambucanos é um manuscrito de um discurso feito na Argentina. Não está datado, mas é certamente posterior a 1888, porque nele Nabuco se refere à vitória sobre o "feudalismo escravista" e afirma que a causa abolicionista faz parte de uma utopia, a "paz americana", celebrando assim o ânimo futurista do Novo Mundo. Aqui já temos o estado de espírito do Nabuco tardio, que, graças ao Barão do Rio Branco, se reconciliou com o governo e assumiu a vaga de diplomata em Washington em 1905. Também se reconciliou com suas raízes religiosas, que datam de sua infância no Engenho de Massangana, em Cabo de Santo Agostinho, a 48 km do Recife, engenho que está em reforma para o ano comemorativo e foi visitado pelo Estado.

Das mais de 700 cartas escritas por Nabuco, cerca de 450 foram coligidas por sua filha Carolina e publicadas em dois dos 14 volumes de suas Obras Completas (não tão completas assim), publicadas pela Ipê em 1949. Entre outros volumes de cartas de Nabuco estão as que trocou com Machado de Assis, prefaciadas por Graça Aranha (recentemente reeditadas pela editora Topbooks), e com os abolicionistas britânicos, organizadas por Leslie Bethell (mesma editora). Há, portanto, muitas dezenas de cartas inéditas em livro. Felizmente, boa parte estará disponível em acervo digital em 2010. O próprio Nabuco gostaria de ver esse dia chegar, graças à liberdade de uma ideia chamada internet.

Convocação para Assembléia Setorial de Livro Leitura e Literatura do Paraná!!!

Convocação para Assembléia Setorial de Livro Leitura e Literatura do Paraná

O Ministério da Cultura, por meio da Secretaria de Articulação Institucional – SAI, de acordo com as orientações da Portaria nº 4 de 03 de dezembro e alterações, convidam todos os atores envolvidos nas cadeias produtiva e criativa do livro e mediadora da leitura do Estado do PR para participarem da Assembléia Setorial de Livro, Leitura e Literatura do Paraná.

Os objetivos do encontro são: avaliar o Plano Nacional de Livro e Leitura, eleger três delegados da sociedade civil, obter a indicação da Secretaria de Estado da Cultura para delegado para a Pré- Conferência de Livro, Leitura e Literatura, e propor estratégias do setor, baseadas nos eixos temáticos da II Conferência Nacional de Cultura.

Lembramos que, de acordo com a referida portaria, para participar na condição de delegado(a), deverá o(a) interessado fazer o registro de sua candidatura no site www.cultura.gov.br/cnpc, no campo “inscrição de candidatura para delegação da pré-conferência setorial”.

Para maiores informações, entrar em contato pelo telefone 51-3311-5331 e 61-2024-2628.

A sua presença será fundamental para definir os rumos das políticas públicas culturais do Brasil.

Contamos com sua participação!

Data: 22 de janeiro de 2010
Horário: 9h às 16 h
Local: Auditório da Biblioteca Pública do Paraná- Rua Cândido Lopes, nº133, Centro, Curitiba/PR

Apoio:
Representação Regional Sul do Ministério da Cultura
Biblioteca Pública do Paraná
Fundação Cultural de Curitiba

2010 COMEÇA NO CHILE!!!

Atenção: a direita ainda não ganhou no Chile!
14 01 2010

Em face do silêncio da mídia em relação ao pleito que acontece domingo (dia 17) no Chile, subitamente a mídia nacional deixou de revelar os dados de pesquisas – logo a mídia nacional que ao final do 1º turno lá fez questãod e mostrar a diferença de quase 20 pontos em favor do ’seu’ candidato lá. Por que? Simples: o candidato dela (direita) ‘lá’, ligado ao ditador Pinochet – empresário e bilionário Sebastián Piñera – está em queda nas pesquisas. Levantamento de ontem, dia 13, ainda aponta sua ‘vitória’, mas a diferença caiu muito nos últimos dias. Hoje em torno de 2%.

Enquanto isso, a campanha do ex-presidente Frei recebeu o reforço, também no dia 13 e sem impacto ainda nas pesquisas: o independente Marco Enriquez-Ominami Gumucio, anunciou oficialmente que está com o ex-presidente da República. O apoio de Ominami marca nova etapa na campanha, uma vez que durante o primeiro turno – em que obteve 14% dos votos – foi um dos críticos mais duros a Frei.

Ou seja: pelo jeito, não vai ser desta vez ainda que os Bóris Casoy da vida vão poder soltar toda frustração acumulada e vociferar doentiamente a frase com que mais sonham: A América Latina está na direita.

Leia abaixo a matéria divulgada hoje pela EBC. Alfredo Bessow

Disputa pela Presidência no Chile será apertada e pode ter surpresas

Renata Giraldi
Repórter da Agência Brasil

Brasília – A três dias das eleições no Chile, uma pesquisa sobre intenções de voto publicada no jornal La Tercera mostra que a disputa entre os dois candidatos será apertada até o último momento. O empresário e candidato da direita, Sebastián Piñeira (Alianza) leva ligeira vantagem em relação ao governista e esquerdista Eduardo Frei Ruiz (Concertación). Pelos dados, Piñeira obteria 50,9% e Frei 49,1%.

Ontem (13), porém, Frei ganhou um apoio de peso nesta reta final. O candidato derrotado no primeiro turno, o independente Marco Enriquez-Ominami Gumucio, anunciou oficialmente que está com o ex-presidente da República. Ominami atrai o eleitorado insatisfeito com as propostas tradicionais e favorável às ideias de avanços sociais, como o casamento entre pessoas do mesmo sexo.

O apoio de Ominami marca nova etapa na campanha, uma vez que durante o primeiro turno – em que obteve 14% dos votos – foi um dos críticos mais duros a Frei. Por causa da indicação do ex-presidente pela Concertación, Ominami e o pai, o senador Carlos Ominami, abandonaram a coligação e tornaram-se independentes. A decisão levou à derrota de ambos em dezembro.

Ominami disse que seu apoio a Frei se deve ao fato de haver um “abismo irreconciliável” com a direita, enquanto com parte da Concertación o relacionamento é bom. De acordo com ele, o motivo da decisão foi o fato de o governo da presidente Michelle Bachelet – que apoia Frei – estimular a tramitação no Congresso de projetos que julga fundamentais, como o voto voluntário, o reconhecimento constitucional das águas como bem nacional de uso público e o fortalecimento da educação pública.

No próximo domingo (17), cerca de 9 milhões de eleitores irão às urnas nas nove regiões políticas do Chile. A previsão dos organizadores é de que os resultados sejam conhecidos no começo da noite, como ocorreu no primeiro turno em dezembro. Para obter a vitória no primeiro turno, o candidato deve conseguir mais de 50% dos votos.

Ex-presidente do Chile (1994-2000), Frei tenta conquistar os votos dos eleitores e intensifica a campanha em grandes cidades como Talca, Valparaizo e Santiago. Da mesma forma age Piñeira, um dos homens mais ricos do Chile, dono da empresa aérea Lan Chile, da rede de televisão Chile Visión e do time de futebol Colo Colo. Oficialmente, a campanha deles deve ser encerrada hoje (14).

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

A ECONOMIA POLÍTICA DA SAFADEZA!!!

Luiz Gonzaga Belluzzo: a economia política da tragédia
Os deslizamentos de terra assassinos ocorridos entre o Natal e o Réveillon, ao que tudo indica, estão incorporados à rotina do verão brasileiro. Entra ano, sai ano, as festas de muitas famílias brasileiras terminam em luto, em desespero e em saudade.

Por Luiz Gonzaga Belluzzo*, na Folha de S.Paulo
É cômodo atribuir os desastres às vindicações da natureza e suas perversidades. Mas os homens de boa vontade, ambientalistas ou não, compreendem que o fenômeno tem uma dimensão histórica e, portanto, humana, enquanto expressão da ação coletiva de transformação da natureza e da sociedade.

No Brasil, o “desenvolvimentismo” e o processo de urbanização engendrado por ele juntaram o crescimento rápido à especulação imobiliária, ao aumento da desigualdade e à marginalização crescente dos contingentes “expulsos” de seus pagos.

O professor da Unicamp Wilson Cano, ainda nos anos 70, avaliou de forma profética os efeitos da expulsão de migrantes para as urbes do Sudeste. As cidades não cresciam, inchavam. Inchaço produzido pela incapacidade das políticas de Estado em lidar, na origem, com os desequilíbrios regionais — sobretudo com a questão agrária — e, no destino, de enfrentar a selvageria dos interesses cobiçosos.

A urbanização caótica é a face moderna de uma estrutura agrária arcaica, fenômeno já apontado por Inácio Rangel e Francisco de Oliveira. Essa dualidade contraditória resistiu bravamente às experiências dos países ocidentais no pós-Guerra, que cuidaram de promover a democratização da propriedade urbana e rural. Por isso, em todas as etapas, inclusive agora, as políticas de ocupação do solo, zoneamento e proteção de mananciais são sistematicamente violadas, seja pelo ímpeto dos empreendedores imobiliários, seja pelo desespero dos migrantes despossuídos.

As criaturas dessa urbanização patológica projetam seus espectros no cotidiano vivido pelos brasileiros nos dias atuais. A desregrada ocupação do solo, a favelização, a desconstituição familiar, a marginalidade social, a desorganização dos sistemas de transporte público e a decadência do sistema educacional, particularmente do ensino básico, são frutos da mesma árvore.

Esse arranjo, típico de uma sociedade de massas periférica, combina ainda, perigosamente, a rápida “internacionalização” dos modos de consumo dos ricos e remediados com a persistência da desigualdade, a despeito dos esforços das políticas sociais dos últimos 15 anos. Daí a deterioração dos padrões de convivência (ou, se quiserem, de urbanidade) nas grandes cidades, culminando nas formas conhecidas de violência urbana (organizadas e desorganizadas), aí incluídas as rotineiras tragédias de verão, um modo de violência preparada em silêncio ao longo dos anos nas encostas ou nos sopés dos morros.

A persistência dessas mazelas não desenha o futuro que muitos antecipam ao projetar um desempenho brilhante da economia. Esse futuro é, sim, possível, mas a nossa experiência histórica comprova que o sucesso econômico está longe de assegurar padrões de convivência civilizados, dignos da cidadania.

* Luiz Gonzaga Belluzzo é professor titular de Economia da Unicamp. Foi chefe da Secretaria Especial de Assuntos Econômicos do Ministério da Fazenda (governo Sarney) e secretário de Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo (governo Quércia)

Serra/Kassab AFUNDAM SÃO PAULO EM PLANEJAMENTO EXECUTADO COM SAFADEZA!!!

ESTA ANÁLISE FOI PUBLICADA PELO AUGUSTO DA FONSECA NO BLOG:http://festivaldebesteirasnaimprensa.wordpress.com/2010/01/10/projeto-de-controle-de-inundacoes-da-prefeitura-de-sao-paulo-numeros-atestam-abandono/#respond

Projeto de controle de inundações da Prefeitura de São Paulo: números atestam abandono


Eu prometi fuçar os números da Prefeitura e do Governo de São Paulo, para avaliar se os dois governos têm investido os valores orçados anualmente no controle das inundações.

Hoje, trago os números do projeto “Ação Centro BID – Controle de Inundações“.

Segundo o site da Prefeitura/SP, “o programa tem a finalidade de promover o desenvolvimento social e econômico com diversidade da Área Central de São Paulo, dinamizando e criando condições de atração e suporte de atividades compatíveis com o centro metropolitano e promovendo a reabilitação urbanística e ambiental da área, com inclusão social.

O programa foi aprovado junto ao BID em outubro de 2003 e dispõe de um total de US $ 168 milhões de de recursos, sendo US $ 100 milhões financiados pelo BID e US $ 68 milhões da PMSP.”

O Controle das Inundações aparece em:

“Recuperação do Ambiente Urbano

Obras emergenciais para recuperação de pisos e passeios públicos na Sub-prefeitura da Sé
Reurbanização completa da Praça do Patriarca
Requalificação de edifícios públicos: Mercado Municipal, Palácio das Indústrias e Biblioteca Mário de Andrade.
Controle de Inundações: construção de dois piscinões e recuperação das galerias de águas pluviais no Vale do Anhangabaú.”
Como se vê, existe um projeto, com recursos definidos, para resolver o problema do Vale do Anhagabaú, que inundou há dias atrás. Na ocasião, o Prefeito prometeu realizar esses dois piscinões, que jã deveriam estar prontos.

A foto que ilustra este post mostra o que foi chamado à época “a calamitosa enchente do Vale do Anhangabau, em 1929″.

De lá para cá, os governos se sucederam, os tucanos nos últimos dezesseis anos, e nada foi feito para resolver ou minimizar a ocorrência desses eventos.

Clique aqui e leia a matéria do G1, com o título “Após alagamento em túnel, Kassab promete piscinão para o Anhangabaú“

Mas como o Prefeito e o Serra acham que piscinão e recuperação das galerias de águas pluviais não dá voto e como, por outro lado, as Organizações Serra não cobram responsabilidades dos dois, essas obras nunca acontecerão…

***

Os números abaixo mostram a pífia execução orçamentária da Prefeitura. Penso que esses recursos dizem respeito à contraparte da Prefeitura. Ainda não consegui encontrar a parte do BID.

Explicação para os neófitos: orçado é o valor aprovado, pela ALESP, na Lei Orçamentária; atualizado é valor a que foi reduzido ou ampliado o valor orçado, pelo Prefeito, durante o ano; empenhado é o valor garantido para a execução dos contratos desse projeto e liquidado é o valor referente ao trabalho realizado pela contratada e que será pago tão logo hajam recursos financeiros disponíveis.

O percentual entre o valor liquidado e o valor orçado dá o grau de eficácia da intenção inicial da Lei Orçamentária.

Como se vê, a melhor execução foi em 2008, com insignificantes 11,7%.

Em 2006 (Prefeito Serra) e 2009 (Prefeito Kassab) a execução foi ZERO.

Ação Centro BID – Controle de Inundações Orçado Atualizado Empenhado Liquidado % Liquidado/

Orçado


2009 8.732.500 8.732.500 0 0 0,0

2008 13.666.293 4.995.774 2.286.217 1.596.899 11,7

2007 20.040.000 9.113.104 1.877.710 1.516.676 7,6

2006 39.574.566 0 0 0 0,0

sábado, 9 de janeiro de 2010

ALGUMAS UTILIDADES DO TWITTER!!!

09 de janeiro
ALGUMAS UTILIDADES DO TWITTER!!!
Digital
As cinco funções do Twitter


Veja quais são, no mínimo, as utilidades desta ferramenta, que rapidamente se populariza e ganha espaço na internet.

Com o boom de popularidade do Twitter, na esteira da entrada da Oprah no microblog nos States e da reportagem do Fantástico no Brasil, elevou-se também a rejeição à ferramenta, dos que a acusam de inútil a um ralo de tempo com superpoder de sucção e entupido pelo excesso de informações. E, no meio do tiroteio, uma pergunta não cala: o Twitter serve para alguma coisa? Se sim, para quê?
Venho utilizando o Twitter desde o final do ano passado e queria me arriscar a falar de cinco funções mais universais, e bem definidas, que encontrei ali e que fizeram com que me apegasse a ele:

1) Sentido instantâneo de comunidade.
2) Manifestação (e observação) da individualidade.
3) Comunicação rápida e eficaz.
4) Laboratório.
5) Fonte potencialmente valiosa de informações e aprendizado.

Depois do jump, a explicação.

1) Sentido instantâneo de comunidade.
Em todas as outras redes sociais, as atividades precisam de um mínimo de organização, fóruns etc. No Twitter, você consegue entrar em alguma ação comunitária facilmente. Hoje, por exemplo, foi twoonday ali, o dia em que todos os avatares deveriam ser substituídos por um cartoon, um personagem alter-ego. Eu fui observando os avatares se transformarem até que entendi –e demorei para fazer a mudança por falta de tempo mas acabei virando a Pinky Dinky Doo por um dia. As retuitadas de posts igualmente “cimentam” esses tijolos comunitários. Outra ferramenta de construção comunitária é a #followFriday, que é quando alguém fica sugerindo pessoas para os outros seguirem, sempre às sextas-feiras. E compartilhar música (geralmente pela dupla Blip.fm e Twitter) também entra nesse item, assim como a torcida pelo meu time do coração, o São Paulo, no jogo da Libertadores (que é o que importa - rsrs), que eu pude estender até a quem estava lá no estádio.

2) Manifestação (e observação) da individualidade.
Tenho visto mais e mais pessoas buscando a diferenciação (ou exercitando-a) no Twitter –geralmente, na base do humor. Como esse carinha, que diz em sua Bio: Estudante de Direito. Sigo quem me segue, não sigo quem não me segue. Salvo poucas exceções, só leio Direct Messages. Portanto, FOLLOW ME!!!” –embora ele siga mais de 200 neguinhos e tenha só 45 seguidores. Ou todos os exemplos malucos citados pela Robi Carusi nesse post e nesse. Ou os avatares mutantes, que vão se transformando em personagens. Ou os microcontos, exibindo o talento literário de cada um, o que pode ser conferido no tag #140. Pense bem: o Twitter é um palco, ou uma vitrine, como o BBB, mas as pessoas precisam ter algum valor real ali para atrair público, diferentemente do BBB. Rendendo um voyeurismo muito mais de resultados. O Orkut e outras redes sociais também têm essa pegada, claro, mas o Twitter acelera o processo e faz com que se cruzem mais as fronteiras das diferentes comunidades.

3) Comunicação rápida e eficaz.
Pessoas que possuem meu telefone e meu email têm diversas vezes preferido falar comigo pelo Twitter, tanto em mensagens abertas (que os outros também podem ler) como em mensagens diretas. Fiquei me perguntando por quê, principalmente no caso número 2. Concluí que isso está relacionado com a forma de comunicação do Twitter (mensagens rápidas; o limite de 140 caracteres automaticamente justifica o fato de serem breves) e também com o fato de que as pessoas se sentem mais próximas e conectadas com o outro sabendo que estão todos aninhados sob as asas do Twitter (um pouco como acontece com o Messenger talvez). Como se a resposta a um contato ficasse mais garantida assim.

4) Laboratório (para inovar, inclusive).
O Twitter é excelente para lançar ideias e ver como as pessoas reagem. Um exemplo bem básico: você quer escrever um post, mas tem dúvida sobre se ele vai interessar? Solta um teaser lá para sentir se repercute. É engraçado perceber como alguns temas têm retorno imediato e outros passam batido. Eu ando numa fase de pôr frases de grandes escritores lá, um tempero de literatura. O Oscar Wilde teve boa resposta, por exemplo, mas o Nelson Rodrigues nada. Se eu fosse uma produtora e estivesse na dúvida entre os dois autores, ou entre os dois estilos, para fazer alguma produção, isso já poderia influenciar a minha decisão. Dá para fazer muito laboratório para valer se você tiver uma boa rede.

5) Fonte de informações e aprendizado.
Tanto de fontes qualificadas, profissionais (especialistas, empresas, sites noticiosos) como de amigos e de pessoas comuns. O Twitter é uma fonte riquíssima, basta montar um bom mix de following folks!!! Quanto às fontes qualificadas, por exemplo, vou dar o exemplo da área de gestão de empresas: já estão lá os melhores veículos (tipo Wired, Fast Company e nós aqui da HSM) e os maiores especialistas –só não segue quem não quer. É como se você montasse um NetVibes no Twitter, e com mais facilidade. Sobre os amigos, é o jeito mais fácil de compartilhar as pequenas descobertas do dia a dia (um novo aplicativo, uma liquidação de loja) e os follow-ups (saber se o filho da amiga sarou da caxumba) –bem melhor que msn (é bem menos invasivo), e-mail ou blog (duas opções mais demoradas). Poderia ter escrito isso também na parte da comunicação rápida e eficaz, relativo a mensagens abertas.

Sobre as fontes comuns, o Marcelo “Bauducco” Pereira da Silva as definiu bem: “Eu acho o Twitter útil pra entender melhor as pessoas e seus valores. Aquelas mensagens tipo ‘bom dia’ que todo mundo acha levianas. É bem interessante (para) tentar compreender o que leva as pessoas à ação através do comportamento e amenidades”. Leia-se “entender o consumidor:. Sem falar nas reflexões e sacadas das pessoas sobre a vida, que você pode ter o privilégio de compartilhar. Hoje o updater Alexandre Inagaki, outro hard user, retransmitiu o comentário de alguém que disse “as frases pessoais de msn são as novas placas de parachoque de caminhão”. Está coberta de razão a autora da frase, não está?

Fora essas funções, cada um pode encontrar a sua própria.

Por Adriana Salles Gomes (editora da revista HSM Management)

Quando os aviões viram notícia!!!

Quando os aviões viram notícia
Projeto F-X2
Escrito por Defesa Brasil
Sex, 08 de Janeiro de 2010 12:42
Confusões sobre o processo de compra de caças inundam a mídia e não ajudam a esclarecer o povo.

Leonardo Jones

Nos últimos dias tem se falado muito sobre a compra de caças novos para a FAB, os jornais tem publicado, cada um, duas ou três notícias relacionadas a isso por dia. Mas esse não é um assunto de domínio público, e muito menos corriqueiro para os veículos de mídia não especializados. Por conta desse repentino interesse pelos jornais à esse processo, muita confusão vem sendo feita e muitas afirmações erradas vem aparecendo nessas matérias, muitas vezes já no título.

Por conta dessa chuva torrencial de informações sobre o Programa FX-2, mais precisamente sobre um suposto vazamento de um relatório da FAB, tornou-se claro que alguns pontos precisam ser esclarecidos, mas para isso primeiro um breve resumo sobre o processo de seleção se faz necessário.

Pois bem, o programa FX-2, que visa à seleção de um novo caça para a Força Aérea Brasileira, está em curso há dois anos. Nesse tempo o processo de seleção seguiu rigorosamente procedimentos comuns a uma compra desta magnitude, com o RFI (Request for Information), que é um pedido de informações feito as empresas interessadas sobre detalhes de seus produtos, seguido da seleção de três finalistas no que foi chamado de “Short List”, e nela estão o F/A-18E/F, o JAS-39 Gripen NG e o Rafale F3. Logo em seguida foi emitido o chamado RFP (Request for Proposal), que é um pedido de propostas das empresas fabricantes desses três modelos, são elas a Boeing, SAAB e Dassault respectivamente.

Após as propostas serem enviadas e analisadas, entra a fase de negociações, testes e avaliações técnicas onde os valores são discutidos, os equipamentos incluídos na provável compra são selecionados e as aeronaves são testadas e avaliadas em todos os aspectos operacionais.

A partir daí é que o agora tão famoso relatório da Força Aérea Brasileira vai tomando forma.

O relatório avalia o desempenho técnico de todas as aeronaves e as propostas comerciais de todas as empresas, mas não é, sozinho, suficiente para se fechar a compra por mais completo que possa parecer após tantas etapas.

Uma compra dessa importância, caças que serão a linha de frente da defesa de um país pelos próximos 30 anos, não é simples e muito menos barata. O que se busca é a proposta que melhor cubra todos os pontos vistos pela nossa estratégia de defesa como relevantes, e o relatório da FAB é responsável apenas por uma fração desses pontos.

Ainda falta a avaliação política, que engloba as análises a respeito da nossa relação com o país que nos oferece a aeronave, afinal vamos ter que possuir uma boa relação com esse país por todo o tempo que essa aeronave vai estar voando aqui no Brasil. Análises econômicas que levam em conta não só o valor a ser pago e como esse valor vai ser diluído, em quantas parcelas por quantos anos, mas também avalia, por exemplo, investimentos na indústria nacional prometidos por cada empresa interessada em nos vender seu produto. E avalia também acordos internacionais assinados pelo Brasil, tratados e a lista continua.

A avaliação política é tão ou mais complexa que a técnica feita pela FAB, e as duas precisam ser unidas para que a melhor proposta vença.

Está sendo feita muita confusão na mídia por conta disso, muitos dizem que o governo vai ignorar a avaliação da FAB e que a escolha vai ser apenas política. Mas em qualquer lugar do mundo a escolha desse tipo de coisa é política, o que não quer dizer nunca que a avaliação técnica vai ser posta de lado. Confunde-se avaliação política com escolha política.

O governo, através principalmente do Ministro das Relações Exteriores Celso Amorim, tem afirmado nos últimos dias que a escolha será política, e estão certos já que a decisão será do Presidente Lula. Mas será uma decisão política tomada com base na união, na fusão, da avaliação técnica feita pela FAB com a avaliação Política feita pelo governo.

Não possui peso conclusivo para o processo de seleção se um relatório técnico apontou ou não um avião específico como o mais indicado, pois esse relatório é parte de algo maior, e portanto, decisões não serão tomadas com base apenas nesse suposto relatório vazado como deixa claro Celso Amorim ao afirmar ontem que "o barato pode sair caro."

O Ministro Nelson Jobim anulou tal confusão ao pedir, no final do ano passado, que o relatório da FAB não apontasse vencedor, pois não é esse o trabalho da FAB. É trabalho da FAB apontar os resultados das avaliações técnicas feitas. O vencedor, invariavelmente será apontado pelo Presidente Lula junto ao Conselho de Defesa Nacional em cima de todas as avaliações disponíveis.

LULA: COMANDANTE EM CHEFE DAS FORÇAS ARMADAS!!!

Lula, os caças, os chatos e as viúvas da Ditadura

08/01/2010 - 09:10 | Enviado por: Andre Balocco

Esta cantilena sobre a compra dos caças para a Força Aérea Brasileira tem cheiro de viúva - viúva dos milicos que comandaram este país com mão de ferro e que, se por um lado, nos levaram ao desenvolvimento industrial, por outro nos submeteram à humilhação da opinião única, da tortura e da insensatez. O comandante em chefe das Forças Armadas, o general mais importante, o brigadeiro que manda, o almirante que realmente dá ordens, neste país, segundo a Constituição da República Federativa do Brasil, se chama, neste momento, Luiz Inácio Lula da Silva. E ponto final. Não me venham os senhores militares, a quem gosto de respeitar por demais, nacionalista que sou, tentarem constranger o 'sapo barbudo'. Aliás, será que vocês ainda acreditam nesta história de que o Lula é um sapo barbudo que se engole e se expele na hora certa? Era só o que me faltava...Quanto atraso!

Andei lendo o que colegas escreveram sobre os caças e não tenho a menor dúvida: a escolha política é a mais correta. Temos de nos aliançar com aqueles que nos aceitam como somos, que aceitam nossos desejos naturais de exercer um papel preponderante neste mundo insano. E a França é um destes parceiros. Estes tais caças suecos, pelo o que tive a oportunidade de ler, sequer fazem parte das Forças Armadas de lá. Também, estes caças não existem, eles ainda estão no papel! Já os Raffale estão prontinhos para seguirem aos trópicos. E mais: no pacote de compra dos Raffale, capazes de realizar missões de ataque, defesa e monitoramente do espaço aéreo, está incluído o armamento. Mais ainda: defesa de espaço aéreo não é motivo de barganha econômica. Não me venham com esta historinha pra boi dormir de que "é um absurdo o país gastar milhões de reais a mais blá-blá-blá".

Senhores militares da Força Aérea Brasileira. Honrem os pracinhas que foram à Itália, honrem o histórico da Força, honrem a importância da Força para o orgulho desta nação e parem de picuinhas baratas. Afinal, há anos vocês sonham com estes caças e agora que o governo do 'sapo' vai comprá-los, ficam com esta babaquice? Quem vazou este relatório para a imprensa quis simplesmente criar constrangimento ao comandante em chefe das Forças Aramadas, o senhor Luiz Inácio Lula da Silva, este verdadeiro paraíba que manda em vocês, senhores doutores formados nas melhores escolas do país. Honrem o fato de pertencerem à elite brasileira e preparem-se para nos defender das agressões que, com certeza, virão por aí quando os chefes do planeta perceberem, ou melhor, se cansarem, de nos deixar buscarmos o papel de protagonista neste jogo.

É para isto que serve uma Força Aérea. Criar constrangimentos a seu comandante e bater pezinho que nem criança, esperneando à toa, fazendo manha, não é papel digno da FAB que meu tio honrou. Militar serve para defender o país e não para dar golpes de Estado. Este tempo já passou. Quem ainda pensa assim, que vista o pijama.

Como disse Cazuza, aquele genial 'veado', o tempo não pára.

domingo, 3 de janeiro de 2010

VAMOS ENTERRAR A DITADURA MILITAR!!!

Política| 03/01/2010 | Copyleft


A longa despedida da ditadura

O Brasil precisa se livrar da ditadura militar, mas não antes de dissecá-la e neutralizar-lhe as sementes. Os militares de hoje não podem ser obrigados a defender gente como o coronel Brilhante Ustra, o carniceiro do DOI-CODI de São Paulo, nem o capitão Wilson Machado, vítima mutilada pela própria bomba que pretendia explodir, em 1º de maio de 1981, durante um show de música no Riocentro, onde milhares de pessoas comemoravam o Dia do Trabalho. Um Exército que dá guarida e, pior, se orgulha de gente assim não precisa de mais armamento. Precisa de ar puro. O artigo é de Leandro Fortes.

Leandro Fortes - Brasília, eu vi

Publicado originalmente no blog Brasília, eu vi, do jornalista Leandro Fortes.

Ainda não surgiu, infelizmente, um ministro da Defesa capaz de tomar para si a única e urgente responsabilidade do titular da pasta sobre as forças armadas brasileiras: desconectar uma dúzia de gerações de militares, sobretudo as mais novas, da história da ditadura militar brasileira. A omissão de sucessivos governos civis, de José Sarney a Luiz Inácio Lula da Silva, em relação à formação dos militares brasileiros tem garantido a perpetuação, quase intacta, da doutrina de segurança nacional dentro dos quartéis nacionais, de forma que é possível notar uma triste sintonia de discurso – anticomunista, reacionário e conservador – do tenente ao general, obrigados, sabe-se lá por que, a defender o indefensável. Trata-se de uma lógica histórica perversa que se alimenta de factóides e interpretações de má fé, como essa de que, ao instituir uma Comissão Nacional da Verdade, o governo pretende rever a Lei de Anistia, de 1979.

Essa Lei de Anistia, sobre a qual derramam lágrimas de sangue as viúvas da ditadura em rituais de loucura no Clube Militar do Rio de Janeiro, não serviu para pacificar o país, mas para enquadrá-lo em uma nova ordem política ditada pelos mesmos tutores que criaram a ditadura, os Estados Unidos. A sucessão de desastres sociais e econômicos, o desrespeito sistemático aos Direitos Humanos e a distensão política da Guerra Fria obrigaram os regimes de força da América Latina a ditarem, de forma unilateral, uma saída honrosa de modo a preservar instituições e pessoas envolvidas na selvageria que se seguiu aos golpes das décadas de 1960 e 1970. Não foi diferente no Brasil.

Uma coisa, no entanto, é salvaguardar as Forças Armadas e estabelecer um expediente de perdão mútuo para as forças políticas colocadas em campos antagônicos, outra é proteger torturadores. Essas bestas-feras que trucidaram seres humanos nos porões, alheios, inclusive, às leis da ditadura, não podem ficar impunes. Não podem ser tratados como heróis dentro dos quartéis e escolas militares e, principalmente, não podem servir de exemplo para jovens oficiais e sargentos das Forças Armadas. Comparar esses animais sádicos aos militantes da esquerda armada é uma maneira descabida e sórdida de manipular os fatos em prol de uma camarilha, à beira da senilidade, que ainda acredita ter vencido uma guerra em 1964.

Assim, ao se perfilarem num jogo de cena melancólico em favor dessas pessoas, o ministro Nelson Jobim e os comandantes militares prestam um desserviço à sociedade brasileira. Melhor seria se Jobim determinasse aos mesmos comandantes que pedissem desculpas à nação, em nome das Forças Armadas, pelos crimes da ditadura, como fizeram os militares da Argentina e do Chile, ponto de partida para a depuração de uma época terrível que, no entanto, não pode ser esquecida. Jobim faria um grande favor ao país se, ao invés de dar guarida a meia dúzia de saudosistas dos porões, fizesse uma limpeza ideológica e doutrinária na Escola Superior de Guerra, de onde ainda emanam os ensinamentos adquiridos na antiga Escola das Américas, mantida pelos EUA, onde militares brasileiros iam aprender a torturar e matar civis brasileiros.

A criação do Ministério da Defesa, em 1999, pelo presidente Fernando Henrique Cardoso, deu-se por um misto de necessidade política e operacional. O Brasil era, então, um dos pouquíssimos países a ter um ministro fardado para cada força militar, o que fazia de cada uma delas – Marinha, Exército e Aeronáutica – um feudo administrativo indevassável e obrigava o presidente a negociar no varejo assuntos que diziam respeito ao conjunto de responsabilidades gerais das Forças Armadas. Do ponto de vista de gerenciamento da segurança nacional, aquele modelo herdado da ditadura era, paradoxalmente, um desastre. Ainda assim, apesar de ter havido alguma resistência na caserna, o Ministério da Defesa foi montado, organizado e colocado em prática.

Faltou, no entanto, zelo na indicação de nomes para a pasta. Desde o governo FHC, o Ministério da Defesa serviu para abrigar políticos desempregados ou servidores públicos sem qualquer ligação e conhecimento de políticas de defesa e realidade militar. A começar pelo primeiro deles, o ex-senador Élcio Álvares, do ex-PFL, acusado de colaborar com o crime organizado no Espírito Santo. Defenestrado, foi substituído, sem nenhum critério, pelo então advogado-geral da União, Geraldo Quintão, praticamente obrigado a aceitar o cargo por absoluta falta de outros interessados. No governo Lula, já foram quatros os ministros da Defesa: o diplomata José Viegas Filho, o vice José Alencar e o ex-governador da Bahia, Waldir Pires, além do atual, Nelson Jobim.

Todos, em maior ou menor grau, gastaram tempo e energia em cima das mesmíssimas discussões sobre salários e equipamentos, mas ninguém ousou tratar da questão doutrinária e de novos parâmetros para a educação e a formação dos militares brasileiros. Na Estratégia de Defesa Nacional, elaborada por Jobim e pelo ex-ministro de Assuntos Estratégicos Mangabeira Unger, em 2008, o tema é abordado, simplesmente, em um mísero parágrafo. A saber:

“As instituições de ensino das três Forças ampliarão nos seus currículos de formação militar disciplinas relativas a noções de Direito Constitucional e de Direitos Humanos, indispensáveis para consolidar a identificação das Forças Armadas com o povo brasileiro”.

A polêmica sobre a possibilidade ou não de revisão da Lei de Anistia é um reflexo direto do descolamento quase que absoluto dos quartéis da chamada sociedade civil brasileira, que, a partir de 1985, cometeu o erro de relegar os militares a uma quarentena política aparentemente infindável, da qual eles só se arriscam a sair de quando em quando, mesmo assim, de forma envergonhada e, não raras vezes, desastrada. Basta dizer que, para reivindicar melhores salários, recorrem os nossos homens de farda às mulheres, normalmente, esposas de oficiais de baixa patente e de praças subalternos, a se lançarem em panelaços e acampamentos públicos a fim de sensibilizar os generais. Estes mesmos generais que se mostram tão irritados com a possibilidade de instalação, aliás, tardia em relação a toda América Latina, da Comissão Nacional da Verdade, prevista no Plano Nacional de Direitos Humanos.

Mas, afinal, por que se irritam os generais e, com eles, o ministro Nelson Jobim? Com a possibilidade de, finalmente, o Estado investigar e nomear um bando de animais que esfolaram, mutilaram, estupraram e assassinaram pessoas às custas do contribuinte? Por que diabos o Ministério da Defesa se coloca ao lado de uma escória com a qual sequer existe, hoje em dia, uma mínima ligação geracional na caserna?

O Brasil precisa se livrar da ditadura militar, mas não antes de dissecá-la e neutralizar-lhe as sementes. Os militares de hoje não podem ser obrigados a defender gente como o coronel Brilhante Ustra, o carniceiro do DOI-CODI de São Paulo, nem o capitão Wilson Machado, vítima mutilada pela própria bomba que pretendia explodir, em 1º de maio de 1981, durante um show de música no Riocentro, onde milhares de pessoas comemoravam o Dia do Trabalho. Um Exército que dá guarida e, pior, se orgulha de gente assim não precisa de mais armamento. Precisa de ar puro.

RELACIONAMENTOS: Ciúme: quando o sentimento se transforma em doença!!!

Relacionamentos

No início do relacionamento tudo são flores, até que ele vem chegando devagarzinho, e vira motivo de brigas frequente.

Por Fenanda Dias


No início do relacionamento tudo são flores, até que ele vem chegando devagarzinho, aparecendo em pequenas situações corriqueiras e, de repente, vira motivo de brigas frequentes e acaba colocando em risco o romance que parecia tão promissor. Definido por muitos como tempero do amor, o ciúme pode até mesmo virar doença e estragar a vida de quem sente e a de quem é objeto desse sentimento.

O psiquiatra Eduardo Ferreira-Santos, autor dos livros Ciúme – O medo da perda e Ciúme – O lado amargo do amor, defende que, embora seja muito comum, o ciúme não pode ser considerado normal, no sentido de saudável, pois sempre revela uma fragilidade pessoal: “Desde uma personalidade insegura até mesmo um transtorno obsessivo-compulsivo podem estar atrás de uma manifestação de ciúme, de posse, de medo de perder alguém ou de ser passado para trás”, ressalta.

O grau de ciúme e o nível de autoestima estão estritamente ligados para a estudante de Comunicação Social Regina Luft, de 23 anos. Ela revela que, quando está bem consigo mesma, um fato que certamente geraria dor de cabeça para o casal acaba virando motivo de piada:

“Teve uma vez que uma menina deu mole descaradamente para ele, quase o agarrou, e eu ri da situação. Na hora, ele me olhou apreensivo, já esperando por uma reação desconfortável e eu fiquei debochando. Mas, isso aconteceu porque eu estava muito bem, me sentido bonita, com autoestima alta. Quando estou para baixo, pequenas coisas são motivo para eu ter crises de ciúme”, relata Regina.

Segundo o psicólogo e especialista em dificuldades do relacionamento amoroso, Thiago de Almeida, o ciúme pode aparecer como efeito colateral de alguma fase no trabalho ou até mesmo da administração de um medicamento que cause aumento temporário de ansiedade, pois tal sentimento está relacionado com insegurança e ansiedade. Mas, quando a frequência desse comportamento passa incomodar a dinâmica do casal é sinal de que algo está errado: “Por exemplo, telefonemas excessivos percebidos por quem os recebe pode indicar uma anormalidade. Quem os faz sempre alegará zelo, preocupação, manutenção da relação, ou seja, não reconhecerá qualquer comportamento desviante”.

Ferreira-Santos explica que, em situações extremas, a pessoa perde totalmente o contato com a realidade e aquilo que é apenas uma fantasia derivada do medo se transforma em uma realidade delirante. Nesses casos, a pessoa não apenas desconfia do outro, mas tem uma certeza de que está sendo traído sem nenhuma evidência concreta. Independentemente de as evidências serem reais ou imaginárias, em muitos casos, o ciumento acaba partindo para a agressão para defender “o que é seu”. Foi o que aconteceu em meados de setembro, quando o ex-deputado pelo Mato Grosso do Sul Pedro Pedrossian entrou na sala de aula do professor de filosofia da UFRJ André Martins e o agrediu a socos por ciúme da mulher Ana Cássia Nogueira Vieira, de 25 anos.

Segundo Ferreira-Santos, o ciumento teme que, de alguma forma, possa perder o controle sobre a pessoa que julga ser sua propriedade única, exclusiva e eterna. “O elemento principal aqui é o sentimento de exclusão”, afirma ele.

O ciúme pode prejudicar tanto um relacionamento que até mesmo o parceiro passa a sofrer psicologicamente. Em junho deste ano, um crime aparentemente passional chamou a atenção do país: Alessandra D’ávila, de 35 anos, matou o marido, o empresário Renato Biasotto, no apartamento que eles moravam em um edifício de luxo da Barra da Tijuca. À Rádio CBN, Eduardo Pedrosa, que estava com o casal antes do crime, disse que Renato era obcecado pela mulher e que a causa do crime deve ter sido ciúme. Na véspera do assassinato, Alessandra participou de uma comemoração de Dia dos Namorados com um grupo de amigos e publicou as fotos do encontro no site de relacionamentos Orkut.

“A pessoa ciumenta, que apresenta transtornos ou de personalidade ou neuróticos, pode, a partir de uma simples desconfiança desenvolver um quadro de intenso sofrimento psicológico para si mesma e para o outro, tomando atitudes agressivas e desmedidas que, no limite, podem chegar aos chamados “crimes passionais”, afirma Ferreira-Santos.

O especialista explica que o ciumento sente-se ameaçado por uma terceira pessoa com a qual, consciente ou inconscientemente, entra em uma competição e se julga inferior a ela. “É só lembrar da famosa peça do Nelson Rodrigues Perdoa-me por me traíres em que fica clara a situação de inferioridade na qual se coloca a pessoa que julga que seu parceiro possa encontrar alguém melhor do que ele, seja para uma relação estável (medo da perda), seja para uma relação sexual eventual (medo do seu próprio desempenho sexual ser insuficiente para satisfazer o parceiro)”.

Quando é necessário tratamento

Quando a situação atinge níveis de ansiedade, angústia e aflição que tornam a vida do ciumento e de quem com ele convive insuportável é hora de procurar ajuda. “Quando percebermos que nossos esforços não surtirem efeito já é hora de procurarmos uma ajuda especializada e deixarmos de justificar as atitudes do parceiro e de delegarmos ao tempo e ao outro a solução deste impasse”, afirmou Thiago Almeida.

De acordo com Ferreira-Santos, o tratamento se faz através de uma psicoterapia em que se procura determinar e sanar as crenças disfuncionais do paciente, acompanhada ou não do uso de medicação, geralmente os modernos antidepressivos ou estabilizadores de humor. E não adianta o parceiro tentar minimizar o ciúme do outro. Para Ferreira-Santos, o fato de tentar se justificar o tempo todo e mostrar que não há nada de errado não ajuda em nada: “O que vale é o cuidado e o carinho que a pessoa possa demonstrar pelo parceiro ciumento, valorizando suas qualidades quando elas são verdadeiras”.

Para Regina e seu noivo, com quem mantém um relacionamento de sete anos e meio, o segredo é a conversa: “Ele até debocha do meu ciúme quando exagero, mas resolvemos tudo na hora. É melhor assim. Se eu não coloco para a fora e guardo para mim, tenho a sensação de que vou explodir porque, em determinadas situações, chego a sentir palpitação, suo nas mãos”.

Thiago Almeida ressalta que a compreensão deve ser fundamental para quaisquer conflitos relacionados ao ciúme ou mesmo a outras dificuldades do relacionamento amoroso. Ele defende que um relacionamento duradouro resulta da capacidade de o casal solucionar os conflitos que são inevitáveis em qualquer relação: “Não há como erradicar conflitos completamente, mas podemos contar com o nosso parceiro como aliado para podermos resolvê-los conforme forem surgindo ou temos a escolha de o identificarmos como o nosso rival e aumentarmos ainda mais os conflitos inerentes a quaisquer interações humanas”.

A chave para um relacionamento livre de ciúme pode estar no início da relação. Ferreira-Santos ressalta que muitas vezes uma pessoa se deixa enganar por um parceiro que simplesmente parece zeloso e paulatinamente deixa que o outro domine a sua vida, impondo-lhe limites cada vez maiores, até se transformar numa verdadeira “gaiola nem sempre dourada”. “Como quase tudo em medicina vale mais a prevenção do que a tentativa de cura. Acreditar que depois tudo irá se modificar é o erro crasso que muita gente comete ao estabelecer uma relação com alguém ciumento”.

Confira os quatro tipos de ciumento, segundo Ferreira-Santos:

Zeloso – O zelo é a verdadeira prova de amor, pois é um sentimento altruísta, voltado para o bem estar do outro, acompanhado de carinho e afeto pela verdadeira possibilidade do outro ser na vida.

Enciumado – O enciumando é aquela situação eventual, em que a pessoa entra em contato com sua própria insegurança perante a presença de um terceiro que, de fato, apresente alguma ameaça aos seus valores pessoais. É transitório e deve ser trabalhado dentro de si mesmo e com seu parceiro, reconhecendo que se está com ele é porque há muitas outras características que o tornam uma pessoa realmente querida.

Ciumento – O ciumento é, geralmente, uma pessoa possessiva, insegura de si e de seus valores, que imagina ser passível de abandono ou traição. Vê em qualquer ação independente de seu companheiro uma ameaça à relação e sofre imaginando que pode ser traído ou abandonado devido à sua insignificância.

Delirante – O ciumento patológico ou delirante é aquela pessoa que apresenta um real transtorno mental, no nível físico, cerebral (tipo arterioesclerose, esclerose alcoólica, demências em geral) que acredita delirantemente que o outro possa abandoná-lo ou traí-lo. É a chamada “Síndrome de Otelo”.

sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

CHILE: COMEÇOU A DISPUTA 2010!!!

Internacional| 26/12/2009 | Copyleft
A memória em disputa no Chile e na América Latina

No dia imediatamente posterior ao dia 17 de janeiro de 2010, a imprensa brasileira começará a comparar os resultados eleitorais do Chile com os números das pesquisas no Brasil. Se a vitória de Sebastián Piñera se confirmar, uma das observações mais repetidas será registrar o grande prestígio de Michele Bachelet, que atualmente tem o apoio de mais de 75 % da população, e sua incapacidade de transferir votos ao atual candidato do governo chileno, o ex-presidente Frei. E nenhuma palavra sobre o passado pinochetista de Piñera.

Gustavo de Mello

Quando encerramos a leitura da trilogia Memória do Fogo com o livro “O Século do Vento” (1) estamos familiarizados com o personagem Miguel Mármol. Trata-se de uma figura fascinante, um salvadorenho especialista na arte de renascer. O seu forte é resistir às investidas do poder. Cada ressurreição de Miguel é cercada por algum dos grandes eventos que ocorreram no século XX, na história latino-americana.

No Chile, durante as recentes eleições de dezembro, a história do país esteve presente, revelando seus protagonistas, contextualizando as escolhas dos candidatos. Um dos assuntos é lembrar a brutalidade do golpe militar pinochetista contra o médico da Unidade Popular, Salvador Allende. Depois de instalada a ditadura que levou adiante, com seus aliados da sociedade civil, a um circuito fechado, como lembra Naomi Klein (2), repassando à economia chilena os ensinamentos ou “verdades” do economista Milton Friedman aos seus obedientes alunos de Chicago.
Para esses ensinamentos, a premissa fundamental é a de que o livre mercado é um sistema cientifico perfeito, no qual os indivíduos, agindo em função de seus próprios interesses e desejos, criam o máximo benefício para todos.

Orlando Letellier foi assassinado, aos 44 anos, por se opor e escrever brilhantemente contra as escolhas de política econômica que seriam vistas como modelo no continente. Letellier se tornou perigoso porque previu que a política econômica também não prescindiria de brutalidade, pois necessitaria da manutenção dos campos de concentração em todo o país, com a matança de milhares de opositores; fuzilamentos em massa e da ameaça de sua continuidade, para se firmar e "dar certo"; se é que algum dia daria certo essa “íntima harmonia” entre o “livre mercado” e o terror ilimitado.

O candidato que lidera as pesquisas do segundo turno no Chile, Sebastián Piñera, com a possibilidade objetiva de vencer, é um personagem desse passado e pode ser definido da seguinte forma: “Piñera é a expressão do pinochetismo sobrevivente que seu physique du role berlusconiano não consegue esconder”.

Quando o auto declarado "vitorioso" terceiro colocado, Marco Enríquez-Ominami, que desistiu de indicar aos seus eleitores sua preferência política no segundo turno - disse: "A acusação feita pela ex-ministra de Pinochet é algo muito sério, mas concedo o benefício da dúvida, ao principal acusado”, a frase incluía a pretensão frustrada de ser um bem comportado candidato de esquerda com votos de centro para passar ao segundo turno no lugar do ex-presidente Eduardo Frei.

O acusado que recebia o benefício da dúvida de Enríquez-Ominami era o candidato da direita, Sebastián Piñera por fraudes que teria cometido contra bancos e o sistema financeiro chileno em plena ditadura nos anos oitenta.

A memória de que houve uma ordem de prisão contra Sebastián Piñera foi registrada por quem fora Ministra da Justiça de Augusto Pinochet: Monica Madariaga. Na oportunidade em que concedia uma entrevista para a televisão, afirmou que durante a ditadura de Pinochet, o Ministro Luis Correa Bulo emitiu um mandado de prisão que estava motivado por fraudes que Piñera teria cometido no Banco de Talca e por crimes contra a Lei Geral de Bancos.

A integrante do governo de Pinochet se referiu desta forma quando interrogada se o atual candidato havia estado preso. "Sim, Sebastián Piñera, o atual candidato. Liguei para o juiz que era o titular da causa e lhe disse: 'Olha, veio aqui o Pepe Pequeno (José Piñera), aquele que foi meu colega de ministério. Foi Ministro do Trabalho e Ministro de Minas. Acontece que o Pepe chegou e disse: "Monicazinha, o Tatan (Sebastián Piñera) está preso" (...). "Acontece que eu pedi ao juiz titular e ele me disse...olha todas as informações estão disponíveis para [lhe] conceder essa liberdade".

Acusado de ser favorecido para manter sua liberdade, Sebastián Piñera rebateu as lembranças da ministra declarando que “em primeiro lugar, neste caso (Banco de Talca), episódio do qual já se passaram quase 30 anos, a Suprema Corte decretou de forma unânime minha total e absoluta inocência; em segundo lugar também tenho a esclarecer que jamais tive problemas com informações privilegiadas”.

No dia imediatamente posterior ao dia 17 de janeiro de 2010, seremos nós, os brasileiros, os "Miguel Mármol" da América Latina. Nesse dia a imprensa brasileira começará a comparar os hoje prováveis resultados eleitorais do Chile com os números das pesquisas no Brasil.

Uma das observaçõesserá a de, provavelmente, registrar a exaustão o grande prestígio de Michele Bachelet, que atualmente tem o apoio de mais de 75 % da população. Neste caso, será ressaltada sua provável incapacidade de transferir votos ao atual candidato do governo chileno, o ex-presidente Frei.

Nesse dia, mais uma vez, nós vamos assistir ao silêncio que não compara banqueiros como Dantas com Piñera. Nem uma palavra sobre Letellier. Assim será, escondendo a história do Chile, não informará mais do que dois segundos e meio sobre o complicado processo eleitoral e imediatamente serão feitas comparações para derrotar a candidata de Lula antes das eleições.

Ficará evidente que as diferenças dos nossos países estão sendo apagadas para prestar serviços às escolhas feitas sem nenhum pudor sob o manto hipócrita da neutralidade eleitoral da imprensa pró-Serra? Estamos antecipando a resposta: não há como comparar. Os processos eleitorais e a história dos dois países deverão optar por resultados diferentes, exatamente, opostos.

Notas
(1) Século Do Vento, O (1998) MEMORIA DO FOGO, V.3 GALEANO, EDUARDO L&PM EDITORES.

(2) Doutrina Do Choque, A (2008) KLEIN, NAOMI / CURY, VANIA MARIA
NOVA FRONTEIRA