sábado, 1 de maio de 2010

JOSE FIORI - HISTÓRIAS PARANAENSES!!!

Todos os homens do presidente



José Aparecido Fiori*



O watergate paranaense entra para a história como o mais famoso escândalo político.

Há meses é notícia de primeira página.

Luz, câmara, ação...

Todos os homens do presidente.

Reprise, atual, impactante, pertinente, para ser reestudado.

Personagem: vários.

Personagem principal: um certo homem injusto.

Em um edifício do Centro Cívico de Curitiba, a noite era um breu, débeis luzes piscavam silenciosas, tênues traças obesas, picantes cupins, ratos broxas se alimentavam de velhos jornais em adiantado estado de putrefação nos porões da Desembreia do Povo.

O pesadelo.

Numa noite de insônia na sala reservada da Desembreia do Povo, o presidente patético perambulava peripatético de um lado a outro, discutia com seus botões da camisa do colarinho branco, chamava asseclas estrategistas, peritos e criminalistas, escatologistas, criptólogos, cleptólogos, rábulas e outros ladrões...

A busca de uma saída para o beco sem saída.

Pairavam no ar, no lar, no bar, ameaças de execução dos jornais jamais lidos pelos olhos da plebe.

Um incêndio criminoso em marcha...

Cismava-se de um guru do além reencarnado no aquém visitou a Desembreia do Povo com a missão de destruir aqueles inflamáveis papéis com escritos altamente secretos.

Encurralado na Desembreia do Povo, o presidente incorporado do guru envolvia-se como suspeito do crime quase perfeito, não fosse a descoberta em tempo dos jornais secretos.

Boca Maldita vociferou, os carapintadas saíram às ruas com panelaços, o povo ordinário invadiu o plenário da Desembreia.

Rebu e sururu.

A denúncia...

Dizia-se que uma quadrilha especializada assaltou a Desembreia. Uma caterva de fantasmas de carne e osso, vampiros esfomeados, engordavam seus salários com o dinheiro do povo. A derrama dos impostos subtraídos dos cofres públicos. A prática do ínclito deplorável do ilícito. Patrocinavam-se benesses a currais eleitorais.

Jabaculês, orgias, maracutaias.

Em síntese, os ladrões roubavam duplamente, abiscoitando em salários altos, e mais a grana que o governo pega do povo com a missão de reaplicar em projetos públicos e melhorias sociais.

Ladinos, os ladrões legitimavam seus atos nos famigerados jornais secretos encontrados apodrecendo nos porões da Desembreia.

O Tribunal de Contas, cuja missão era fiscalizar e aprovar contas, aprovou as contas dos ladrões, como faz desde imemoriáveis tempos.

O Poder Executivo calou-se requionicamente.

O Poder Judiciário não vale uma toga.

O affair causou frisson, pânico e aleivosia nas freguesias.

Vassalos da corte foram presos, incluindo o chefão do bando dos corruptos e dos corruptores, Ali Bibi e de quarenta ladrões.

Garganta Profunda.

Manejar a informação com precisão, fontes fidedignas, não há espaço para falhas, não basta escrever bem, saber o que se escreve é fundamental, a pauta, a investigação, a escrita como arma, o projétil é o fato, Garganta Profunda em tela, filme de sexo (oral) explícito, de 1972, com Linda Susan Boreman.

A produção de informações e provas, decodificaram os sinais cabalísticos, o ponto G, a Garganta Profunda, os “impublicáveis” jornais, os pornográficos escândalos.

O glamour e a crise.

Há tempos o jornal vinha perdendo glamour. Isso não bastasse, sofria retaliações pecuniárias do governo, sem verbas de subvenção.

As reportagens, algo esquecido no jornalismo contemporâneo, voltaram ao estilo da literatura detetivesca, os antigos folhetins, as narrativas picantes e cabeludas.

As primeiras ligações telefônicas de Garganta Profunda davam conta da existência diários secretos.

Jornalistas cheios de idealismo vão à apuração dos abomináveis atos dos ladrões.

Pau na mula.

O jornal, tradicionalmente conservador, nunca foi de ousar em matérias do tipo, mas acaba de assumir que publicará a série de reportagens, vender o peixe, dizer a verdade, doa a quem doer.

Agora são três jornalistas que desvendam o sórdido e sistemático esquema, descobrem os jornais com atos e editais secretos que serviam para mascarar o desvio de dinheiro público, a contratação de funcionários fantasmas, que nunca trabalharam na Desembreia do Povo, o chuncho homérico, o maior escândalo político da história.

Inspirada em filme paradigmático, Todos os homens do presidente, a reportagem não foi um furo jornalístico, mas a série de reportagens de interesse público, em seu conjunto, foi digna de um prêmio

O watergate paranaense mostra a redação de um jornal imerso em monotonia monocromática, onde trabalham vários jornalistas estressados, distribuídos em suas mesas, e que não mais fazem uso de máquinas de datilografia tal como nos anos 70 aos 90. Digitam em computadores monitorados pela internet. A diferença tecnológica não altera o teor de Todos os homens do presidente.

O filme acaba com a prisão dos ladrões do povo, o bloqueio judicial dos bens dos bandidos.

Um marco do jornalismo. O papel da imprensa na fiscalização dos podres poderes nas modernas sociedades democráticas.

Em cartaz nos principais cinemas.



Todos os homens do presidente



Escândalo de Watergate, ocorrido em Washington, em 1972, que veio a ganhar as primeiras páginas dos principais jornais do mundo. Tudo começou em um patamar muito pequeno na esfera política americana: uma invasão do edifício Watergate por cinco aparentes ladrões não mereceria mais do que as páginas policiais, mas ganhou, com o tempo, uma proporção não imaginada. O que ocorreu de fato foi um caso amplo de espionagem política que levou o presidente republicano Richard Nixon para seu segundo mandato, mas foi forçado a sair do cargo.

Alguns meses antes da reeleição de Nixon, a detenção dos cinco invasores, no quartel-general eleitoral do Partido Democrata, no edifício Watergate. Eram ligados ao FBI e à CIA, e foram apreendidos usando câmeras e microfones. As suspeitas de que o próprio presidente estivesse envolvido no caso aumentaram. Surgem no cenário jornalístico os repórteres investigativos Robert Woodward (interpretado por Robert Redford) e Carl Bernstein (Dustin Hoffman), do jornal The Washington Post. A partir daí, o filme mostra o esforço e os méritos de dois profissionais em busca da verdade' na solução de um caso extremamente obscuro.





joseafiori@hotmail.com – fiorisemcensura.com.br

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